A visita que o Chefe de Estado da Guiné-Bissau e Presidente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) a Moscovo e Kyiv, onde se encontrou com Vladimir Putin e Volodymir Zelenskyy, serviu para levar um pedido de diálogo entre os dois governos dos chefes de Estado e de Governo da sub-região africana.
Desconhece-se, por agora, o impacto que esta visita pode ter, com alguns observadores cépticos e outros a admitir alguma maior visibilidade da CEDEAO.
O especialista em relações internacionais Fernando da Fonseca não se mostra optimista quanto ao impacto que a visita do Presidente em exercício da CEDEAO, Umaro Sissoco Embaló, “porque tudo vai depender do cálculo racional que a própria Rússia e a Ucrânia vão fazer em relação a essa visita de Umaro Sissoco Embaló”.
Fonseca lembra que, no sistema internacional o que define a posição dos actores internacionais são os interesses.
“Portanto, partindo do interesse como um atributo definidor das posições dos países no sistema internacional, esses países vão fazer esses cálculos, pender e ver se, de facto, os países que compõem a CEDEAO representam algum interesse em termos dos recursos e o que pode traduzir para potencializar as capacidades da Rússia ou da Ucrânia”, acrescenta Fonseca.
Na opinião do jornalista Bacar Camará, visita de Sissoco Embaló a Moscovo e Kiev “tem um significado enorme, porquanto revela claramente a neutralidade não só da Guiné-Bissau, mas também da sub-região no conflito da Ucrânia”.
Camará acrescenta que a presença do Presidente em Moscovo e em Kiev “mostra de que a África Ocidental e a Guiné-Bissau, em particular, está para ajudar a resolver os problemas, porque os efeitos da guerra na Ucrânia são visíveis e sentidas quase em toda a parte do mundo”.
Fernando da Fonseca, entretanto, sublinha que “do ponto de vista da guerra, acredito que a visita do Presidente Umaro Sissoco Embaló não vai mover nenhuma palha, porque não verdade dos interesses que estão envolvidos nesta guerra transcendem a dimensão dos países que compõe a CEDEAO e muito menos a Guiné-Bissau, que é um país que, do ponto de vista da hierarquia internacional não tem grande relevância”.
Refira-se que Umaro Sissoco Embaló foi o primeiro estadista africano a visitar a Ucrânia, em representação da CEDEAO, enquanto em Moscovo, além dele, esteve anteriormente o chefe de Estado senegalês e Presidente em exercício da União Africana, Macky Sall.
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