O processo de desmilitarização da Renamo está a ser caracterizado por um grande entusiasmo, resultante da mudança de liderança do partido, dizem analistas, que consideram Ossufo Momade um líder moderado.
Ossufo Momade deslocou-se a Gorongosa, no passado fim-de-semana, para testemunhar a desmobilização de mais de 400 guerrilheiros da Renamo, e assumiu que o processo é irreversível, desde que não existam obstáculos do lado do Governo.
Recorde-se que durante muito tempo, a Renamo usou o seu braço armado como elemento de pressão sobre o Governo de Moçambique para implementar reformas democráticas no país.
"Este entusiasmo tem a ver com a mudança de liderança na Renamo, de uma liderança com uma ambição suprema, para a actual liderança mais moderada de Ossufo Momade, diferentemente da de Afonso Dhlakama, que em muitos momentos retomou as armas e manteve homens armados durante esses anos todos", afirmou o analista Moisés Mabunda.
Trinta anos de armas em punho
Ele avançou que outro factor que contribui para o entusiasmo na desmolização da Renamo, tem a ver com "o facto de os próprios guerrilheiros estarem cansados de viver de armas; foram mais de 30 anos a viver de armas em punho. Mas acima de tudo, isto tem a ver com o novo líder".
Por seu turno, o professor de relações internacionais Calton Cadeado enaltece a boa vontade da atual liderança da Renamo relativamente ao processo de desmilitarização, desmobilização e reintegração, o chamado DDR, sem a qual o mesmo não tinha como avançar.
Aquele académico disse que "toda a liderança da Renamo está engajada neste processo, com Ossufo Momade a fazer um discurso coerente e consequente e o secretário-geral da Renamo também a fazer um discurso consequente".
De igual modo, o comentarista Egídio Vaz, referiu que "dentro de um contexto altamente politizado, Ossufo Momade consegue a necessária acalmia e o compromisso da paz dentro da Renamo, fazendo com que o Partido se movimente em direcção à total desmobilização do seu braço armado".
Visão
Outras correntes de opinião fazem notar a existência de novas dinâmicas dentro da Renamo, resultantes, entre outros factores, da integração de figuras importantes da classe académica moçambicana com outra visão sobre o funcionamento de partidos.
Pelo sim, pelo não, o filósofo Alberto Ferreira, deputado da Assembleia da República pela bancada da Renamo, diz que numa democracia, não se justifica a existência de partidos com armas.
"Eu fico contente na medida em que a Renamo vai deixar de ser militar para ser Partido político, e isso é muito importante; também é importante que o estado moçambicano não tenha partidos políticos armados", realçou aquele parlamentar.