O envolvimento de Angola na situação recente ocorrida no Zimbabué e noutros assuntos regionais de África é entendida de maneira diferente por especialistas angolanos.
Nesta semana, João Lourenço teve o seu primeiro “baptismo de fogo” na reunião da “troika” que debateu em Luanda a crise naquele país da África Austral e na sexta-feira encontra-se com Jacob Zuma, na África do Sul, em que o assunto voltará a ser abordado.
O almirante e deputado André Gaspar Mendes de Carvalho Miau entende que o envolvimento de Joao Lourenço no assunto e de outros casos da região decorre de acordos assinados em organismos regionais em que Angola tem responsabilidades.
Para ele, “é natural que Angola se envolva ao mais alto nível e cumpra o seu papel”, lembrando que além do Zimbábue há outros países em problemas.
Tese diferente tem o general Abilio Kamalata Numa, para quem estes acontecimentos no Zimbábue e em Angola têm a mão invisível do exterior.
"Se olhar bem para a ZANU-PF está quase nos limites de uma cultura pró-chinesa, e há mudanças que estão a ocorrer em Angola e no Zimbábue comandadas a partir de fora”, diz Numa, apontando o dedo “às grandes potências, sobretudo a Rússia e a China, olham para os estados aqui da região e acham que era melhor terminar com os dirigentes que ali estavam e começar uma nova era".
Kamalata Numa acredita que Joao Lourenço e Jacob Zuma vão consolidar o acordo para que se faca tudo dentro dos limites constitucionais e que não aconteçam tumultos na era pós-Mugabe susceptíveis de desestabilizar a região.