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Analistas alertam que Estado moçambicano deve proteger pessoas, não apenas investimentos


Campo de deslocados do centro agrário de Napala, Metuge, Cabo Delgado.
Campo de deslocados do centro agrário de Napala, Metuge, Cabo Delgado.

O eventual abandono, pela Total, do projecto de exploração de gás natural, em Cabo Delgado, por causa dos ataques armados, continua a ser tema de análise em Moçambique e há quem aponte que a situação esteja a desviar o foco do Governo daquilo que é importante proteger.

Analistas alertam que Estado moçambicano deve proteger pessoas, não apenas investimentos
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Vários analistas dizem não saber se a Total vai-se embora ou não, mas sublinham que, mais importante do que a petrolífera francesa, são as pessoas que estão em Cabo Delgado.

"Tudo o que tem sido feito mostra que o Governo está mais preocupado com a protecção do projecto de gás na península de Afungi e não com as pessoas, muitas das quais vivem em condições extremamente difíceis em centros e acolhimento", afirma o analista Lucas Ubisse.

Por seu lado, Borges Nhamirre, diz que o maior recurso de Moçambique não é o gás, mas sim as pessoas,

"Neste momento, estamos a falar de milhares de mortes, e eu penso que o gás, estando com a Total, Exxon Mobil, Anadarko ou outra empresa, está a desviar o foco do Estado naquilo que é essencial a proteger, que são as pessoas", alerta aquele analista.

"Neste momento, o Estado moçambicano não está a proteger as pessoas, está a proteger o gás. Nós fazemos uma análise comparativa entre os recursos humanos que são alocados para a protecção das pessoas e os meios para a protecção do gás, e sabe-se que o Governo criou o Comando de Operações Especiais de Afungi, e porque é que não criou comandos especiais em Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga e Muidumbe?”, interroga-se Nhamirre.

Aquele investigador realça que "a evidência disso é que durante os ataques a Macomia, Mocímboa da Praia, Muidumbe e Quissanga, não houve a preocupação de levar jornalistas para mostrar que recuperou Palma, mas esses são distritos tão importantes como o de Palma".

Entretanto, o Governo moçambicano diz ter dado garantias à Total do seu empenho na restauração de condições de segurança favoráveis ao reatamento de todos os empreendimentos suspensos por conta dos ataques armados.

No entanto, o jornalista e analista Fernando Lima, destaca que o Governo de Moçambique tem que encontrar um equilíbrio de não só dar garantias de segurança à Total, "mas, por outro lado, não deixar que a província seja um mar de violência à volta do projecto de exploração de gás".

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