Analistas moçambianos dizem que a reivindicação do Estado Islâmico de que deteve um ataque do exército, na província de Cabo Delgado, pode ser uma indicação de que este grupo radical sabe que tem irmãos a lutar no país que, eventualmente, possa ajudar , mas que o suposto ataque da passada segunda-feira, não passa de uma propaganda no dia do Eid.
Foi a primeira vez que o grupo radical se pronunciou sobre os ataques armados que têm ocorrido em alguns distritos da província nortenha de Cabo Delgado.
Tais ataques foram inicialmente atribuidos a fundamentalistas islâmicos, e mais recentemente, a antigos garimpeiros ilegais que operavam no distrito de Montepuez, igualmente naquela província.
Refira-se que na altura, a liderança da Comunidade Islâmica em Moçambique negou qualquer ligação com os atacantes, e nas celebrações do Eid, esta quarta-feira, reiterou que nada tem a ver com os insurgentes.
O político moçambicano, Raúl Domingos, diz que não se deve desprezar esta alegação, tanto mais que até aqui ninguém tinha reivindicado os ataques a aldeias e cidadãos em Cabo Delgado.
De acordo com aquele político, "o que se dizia é que se tratava de forças não identificadas que estão a desenvolver acções de terrorismo em Moçambique, pelo que, para mim, o assunto é mais sério do que se imaginava.
Entretanto, o analista Dércio Francisco considera que a reivindicação do Estado Islâmico "é uma propaganda, mas isso mostra que o grupo pode ter interesse em Moçambique".
Francisco realça que o Estado Islâmico está agora a viver o seu pior momento, porque perdeu o território e o exército que tinha na Síria, e o que está a fazer agora é aquilo que se chama guerrilha de mídia, tentando fazer passar a ideia de que é tão forte que até ataca Moçambique".
A informação sobre a reivindicação do Estado Islâmico foi bastante mediatizada em Moçambique, e chegou também ao conhecimento da polícia moçambicana, mas esta declinou-se a fazer qualquer comentário.
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