Links de Acesso

Amnistia Internacional insta ONU a agir ante as violações de direitos humanos em Moçambique


Muleya Mwananyanda, vice-directora da Amnistia Internacional para África Austral
Muleya Mwananyanda, vice-directora da Amnistia Internacional para África Austral

Organização diz que o mundo não pode continuar a fechar os olhos ao sofrimento dos civis em Cabo Delgado

A Amnistia Internacional (AI) insta a ONU a agir para fazer frente à escalada de violência na província moçambicana de Cabo Delgado "com urgência" através da criação de "um mecanismo internacional independente para lidar com os crimes em curso sob o direito internacional e as violações dos direitos humanos”.

Em nota divulgada nesta quarta-feira, 11, a vice-directora da AI para África Austral afirma que "o mundo não pode continuar a fechar os olhos ao sofrimento dos civis em Cabo Delgado".

Muleya Mwananyanda sublinha que os apelos da organização "à responsabilização por crimes terríveis ao abrigo do direito internacional e violações dos direitos humanos, incluindo tortura, desmembramento e execuções extrajudiciais, foram ignorados pelas autoridades moçambicanas".

Enquanto isso, acrescenta Mwananyanda, a população da região continua a viver com medo de ataques de grupos armados da oposição, bem como das forças armadas moçambicanas que cometeram violações dos direitos humanos em nome de insurgentes".

A nota da AI surge no dia em que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou às autoridades moçambicanas para investigarem a escalada da violência na província de Cabo Delgado, em Moçambique, onde grupos armados mataram dezenas de pessoas nos últimos dias, posição citada pela organização também.

A AI reitera que "o mundo não pode continuar a fechar os olhos ao sofrimento dos civis em Cabo Delgado" e lembra que "após o genocídio de Ruanda, a ONU classificou seu próprio fracasso ao agir como um `pecado de omissão`".

"O que estamos a ver em Moçambique é um sinal de que a história se repete e os civis estão mais uma vez a pagar o preço da inacção da comunidade internacional", conclui a vice-directora da AI para a África Austral.

A organização de defesa dos direitos humanos tem documentado a violência em Cabo Delgado desde 2017, altura em que começaram os ataques de insurgentes contra a população, e vem aumentando os seus pedidos de "uma investigação independente e imparcial sobre a tortura e outras violações graves cometidas pelas forças de segurança" também.

Nos últimos dias, relatos de imprensa têm indicado um aumento da violência na região, como o recente massacre de 50 pessoas que terão sido decapitadas em Cabo Delgado.

XS
SM
MD
LG