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AI: Ataques aos jornalistas ameaça a liberdade de imprensa na África Austral


Liberdade de imprensa piora no Burundi
Liberdade de imprensa piora no Burundi

Organização denuncia casos de perseguição, intimidação e prisões de Angola à Zâmbia

Os ataques persistentes a jornalistas e proprietários de meios de comunicação ameaçam a liberdade de imprensa e o crescimento de meios de comunicação independentes em toda a África Austral, afirmou nesta quarta-feira, 3, a Amnistia Internacional (AI) para marcar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

"De Angola à Zâmbia, assistimos a assustadores ataques contra a liberdade de imprensa que têm um efeito assustador para os que trabalham nos meios de comunicação. Em toda a região, os jornalistas foram alvo simplesmente por exporem a verdade ", sublinhou Deprose Muchena, director regional daquela organização para a África Austral.

"Este ataque cínico enfraquece o jornalismo independente e reverte a dura luta pele liberdade da imprensa conquistada desde os tempos coloniais”, continua Muchena, apelando as “autoridades da África Austral a reverterem urgentemente a redução do espaço da imprensa".

Muchena avisa que "quando os jornalistas são constantemente assediados, intimidados e encarcerados simplesmente por fazerem o seu trabalho, envia-se uma mensagem assustadora a outros jornalistas, fazendo com que optem pela auto-censura e minem toda a profissão”.

Casos de perseguição

A título de exemplos, a AI revela que no Lesotho o editor do Lesotho Times, Lloyd Mutungamiri, sobreviveu a um tiroteio após ser atacado por pistoleiros desconhecidos a 9 de Julho de 2016.

Ele foi previamente intimidado e recebeu acusações falsas de difamação criminal em Setembro de 2014 pelo trabalho de jornalismo investigativo.

Desde o tiroteio, ele abandonou o trabalho e deixou o país, enquanto outro profissional do mesmo jornal, Keiso Mohlobodi, também deixou o país temendo por sua própria segurança, depois de ter sido acossado pela polícia por expor a corrupção.

No Botswana, os jornalistas continuam a enfrentar assédio e intimidação por realizarem jornalismo investigativo e crítico.

A AI denuncia que, em Março de 2017, dois jornalistas do Centro de Jornalismo Investigativo INK foram brevemente detidos e ameaçados de morte por agentes de segurança vestidos a civil depois de tentarem entrar numa área onde está a ser construída a casa de férias privada do Presidente Ian Khama. “Eles foram avisados de que, se tentassem voltar, seriam mortos”, diz a organização defesa da liberdade de imprensa.

Em Malawi, Teresa Chirwa-Ndanga, jornalista da emissora de TV Zodiak Broadcasting, foi intimidada pelo pessoal de segurança da State House em Outubro de 2016, quando participava numa conferência de imprensa do Presidente Arthur Mutharika. Mais tarde e disseram-lhe para não fazer "perguntas estúpidas".

Durante a conferência de imprensa, o Presidente Mutharika atacou Zodiak Broadcasting, chamando os seus professionais de "mentirosos", sem especificar, no entanto, as mentiras.

Na África do Sul, oito jornalistas da South African Broadcasting Corporation (SABC) foram sumariamente demitidos por questionarem a interferência editorial dos executivos da emissora em Julho de 2016.

Sete deles foram posteriormente reintegrados nos seus pontos de trabalho depois de desafiarem o seu despedimento através dos advogados.

No entanto, desde então, alguns jornalistas receberam mensagens ameaçadoras por telefone.

Na Zâmbia, as autoridades fecharam o jornal independente The Post, a 21 de Junho de 2016, e exigiram o pagamento de 6,1 milhões de dólares alegadamente devidas ao fisco. O proprietário do jornal, Fred M'membe, a sua esposa, Mutinta M'membe, e o editor-chefe adjunto, Joseph Mwenda, foram presos nas primeiras horas do dia 28 de Junho e mantidos na Estação Central de Polícia de Lusaka sem nenhuma acusação. Durante a sua detenção, eles foram severamente espancados pela polícia.

Por seu lado, no Zimbábue o Governo continua a sufocar a imprensa privada crítica ao Executivo. O Instituto de Mídia da África Austral (MISA) registou assaltos contra 32 jornalistas durante o trabalho entre Janeiro e Setembro de 2016.

Dois membros do proeminente jornal Newsday foram acusados de "insultar" o Presidente em 2016 e ainda aguardam o julgamento.

A nota do director regional da AI para África Austral concluiu que "o jornalismo não é um crime e os profissionais da imprensa devem ter um espaço seguro para fazerem o seu trabalho".

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