Assinala-se neste sábado, 20 de Janeiro, 45 anos do assassinato de Amílcar Cabral, considerado "pai" da luta de libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Ele nasceu a 12 de Setembro de 1924 em Bafatá, na Guiné-Bissau, filho de Juvenal Lopes Cabral e de Iva Pinhel Évora.
Aos 12 anos de idade junta-se ao pai, que nessa altura já havia regressado a Cabo Verde, e efectua os seus estudos primários na Praia, seguindo-se depois para São Vicente, em Cabo Verde, onde terminou os estudos liceais.
Depois, Cabral, que ganhou uma bolsa de estudos, foi para Portugal, onde fez a licenciatura em Agronomia.
No início da década de 1940, ele deu os primeiros sinais no sentido de liderar a luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, que viria a ser declarada em 1963.
Líder político, militar e ideólogo da luta pela independência, Cabral, no entanto, cedo destacou-se como homem de cultura, tanto como poeta, como estudioso.
“Amílcar Cabral, na sua juventude, foi essencialmente um poeta”, diz José Luís Hopffer Almada, poeta, investigador e analista cabo-verdiano.
Para aquele estudioso, “a cultura desempenhou um papel importante para ele na sua vida, como individuo, ele foi poeta e hoje em dia se valoriza mais a qualidade da sua poesia, tendo alguns poemas célebres, como Mamãe Velha (Regresso) Rosa Negra, Nau sem rumo”.
Há, na verdade, segundo Hopffer Almada, um legado poético de Cabral, com aspectos positivos e alguns “interessantes, como quando ele não foi admitido na Academia Cultivar”.Ainda jovem, Amílcar Cabral publica vários textos no Boletim Cabo Verde, entre eles “os apontamentos sobre a poesia cabo-verdiana em que ele valoriza os claridosos, mas demanda a sua superação face às novas exigências do tempo, aparecendo como um dos teóricos fundamentais, juntamente com Manuel Duarte e Gabriel Mariano, da nova largada da literatura cabo-verdiana nos anos de 1950”, de acordo com José Luís Hopffer Almada.
Mas depois, ainda segundo aquele investigador cabo-verdiano, Cabral transformou-se num dos “principais teóricos da cultura no contexto da libertação nacional e traz teses profundamente inovadores”, à luz da análise marxista da sociedade em que defende que a emancipação de qualquer povo começa pela sua libertação cultural.
A escritora guineense Odete Costa Semedo, por seu lado, define Cabral, no total da sua obra, como um visionário e para quem a libertação é um acto de cultura
“Esteve à frente, mesmo quando jovem, como podemos ver nas cartas escritas à esposa Maria Helena”, diz Semedo quem reitera a “tese de Cabral que para nos libertarmos temos de resgatar a nossa cultura”.
Para aquela estudiosa de Cabral, a “luta de emancipação era um acto de cultura, embora ele tenha ensinado que também a cultura de outros têm aspectos positivos, numa acção pedagógica junto da população de então”.
Nesta edição de Artes e Entretimento, a VOA conversa com aqueles dois estudiosos da obra de Amílcar Cabral e apresenta poemas e temas musicais desse homem de cultura.
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