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Americana morta a tiro numa manifestação na Cisjordânia onde as forças israelitas abriram fogo


Palestinianos inspeccionam os danos, após um ataque israelita que durou vários dias, no campo de Jenin
Palestinianos inspeccionam os danos, após um ataque israelita que durou vários dias, no campo de Jenin

Uma ativista turco-americana foi morta a tiro na sexta-feira, 6, durante uma manifestação contra os colonatos israelitas na cidade de Beita, na Cisjordânia ocupada, onde o exército reconheceu ter aberto fogo.

A Turquia identificou a mulher como Aysenur Ezgi Eygi, afirmando que foi morta por “soldados da ocupação israelita” e condenando o seu “assassínio”. O presidente da Câmara de Beita e a agência noticiosa palestiniana Wafa também afirmaram que ela foi morta por soldados israelitas.

Eygi, de 20 e poucos anos, chegou ao hospital Rafidia de Nablus “com um tiro na cabeça e anunciámos o seu martírio por volta das 14h30 (1130 GMT)”, disse à AFP o diretor do hospital, Fouad Nafaa.

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, classificou a morte de Eygi como “trágica”, sem atribuir imediatamente responsabilidades.

Eygi era membro do Movimento Internacional de Solidariedade (ISM), uma organização pró-palestiniana, e estava em Beita para participar numa manifestação semanal contra os colonatos israelitas, disse Neta Golan, co-fundadora do grupo.

Os colonatos israelitas na Cisjordânia, onde vivem cerca de 490.000 pessoas, são ilegais à luz do direito internacional. As Nações Unidas consideram-nos um obstáculo à paz israelo-palestiniana.

O presidente da Câmara de Beita, Mahmoud Barham, disse à AFP que o incidente ocorreu após a oração semanal de sexta-feira, realizada em protesto contra um posto de colonização israelita na zona.

"Um soldado do exército (israelita) disparou dois tiros contra os que permaneciam no local (da manifestação), incluindo a ativista estrangeira, e uma das balas atingiu-a na cabeça”, afirmou.

Em comunicado, o exército israelita afirma que as suas forças “responderam com fogo contra um dos principais instigadores de actividades violentas que atirou pedras contra as forças e constituiu uma ameaça para elas”.

O exército está “a investigar as informações de que um cidadão estrangeiro foi morto na sequência de tiros disparados”, acrescentou.

Aumento da violência

O governador de Nablus, Ghassan Daghlas, disse aos jornalistas que a morte de Eygi foi um exemplo de “balas americanas” que mataram um americano, uma referência ao apoio militar de Washington a Israel.

“A ocupação israelita e o governo de ocupação são totalmente responsáveis por tudo o que está a acontecer, bem como o mundo injusto que apoia o governo de ocupação”, disse.

Desde o ataque sem precedentes do Hamas a 7 de outubro no sul de Israel, que desencadeou a guerra em curso em Gaza, as tropas israelitas ou os colonos mataram pelo menos 661 palestinianos na Cisjordânia, de acordo com o Ministério da Saúde palestiniano.

Pelo menos 23 israelitas, incluindo as forças de segurança, foram mortos em ataques palestinianos no território durante o mesmo período, de acordo com as autoridades israelitas.

No mês passado, um cidadão norte-americano disse à AFP que foi baleado pelas forças israelitas e ferido na perna durante um protesto contra a expansão dos colonatos na Cisjordânia ocupada, tendo o exército israelita confirmado que disparou balas reais para dispersar a concentração.

Na altura, os médicos palestinianos afirmaram que um ativista estrangeiro tinha sido baleado durante a manifestação na cidade de Beita, enquanto os militares israelitas afirmaram que tinha sido “ferido acidentalmente”.

Em reação ao incidente de sexta-feira, o Hamas declarou num comunicado que condenava firmemente “o crime cometido pelo exército de ocupação sionista” que resultou na morte de Eygi.

“Consideramos que este crime hediondo é uma extensão dos crimes deliberados cometidos pela ocupação contra activistas estrangeiros solidários com o povo palestiniano, que custaram a vida a dezenas de pessoas, nomeadamente a Rachel Corrie, que foi esmagada sob os rastos de um bulldozer da ocupação em 2003”, refere o comunicado.

Corrie, de 23 anos, foi morta em Gaza quando servia de escudo humano com um grupo de activistas do Movimento Internacional de Solidariedade para impedir que as tropas demolissem uma casa palestiniana.

Hussein al-Sheikh, secretário-geral do comité executivo da Organização para a Libertação da Palestina, disse no X que apresentava as suas condolências à família de Eygi.

“Mais um crime que se junta à série de crimes cometidos diariamente pelas forças de ocupação, que exigem que os seus autores sejam responsabilizados em tribunais internacionais”, afirmou.

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