Responsáveis de organizações não governamentais angolanas ligadas ao ambiente defenderam, nesta segunda-feira, 17, a acentuada degradação dos ecossistemas angolanos se deve à falta de políticas sociais sustentáveis capazes de desencorajar a destruição do ecossistema.
Carlos Cambuta, da Acção de Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), e Bernardo Castro, da Rede de Terra Angola, reagem assim às declarações do secretário de Estado do Ambiente, Abias Huongo, que reconheceu, na semana passada, a diminuição de espécies de animais nos parques nacionais em resultado da perda de ecossistemas.
O governante admitiu que o país está a perder grandes ecossistemas e, como consequência, o declínio do número de espécies animais nos parques nacionais, como é o caso da redução para cerca de 250 exemplares da palanca negra gigante, contra as anteriores 2.500.
Na abertura de um debate de sociedade civil face à emergência ambiental, Abias Huongo, atribuiu à agricultura e à expansão urbana a degradação da biodiversidade angolana.
"Estamos a perder grandes ecossistemas que são a base de sobrevivência de muitas espécies, sobretudo com a expansão urbana, que atingem zonas ou reservas naturais", apontou Huongo.
O governante fez saber ainda que Angola vive os impactos das alterações climáticas, apontando para as consequências das emissões de gases com efeito de estufa com "perdas assinaláveis de vidas humanas, residências e demais infraestruturas".
Para o secretário de Estado do Ambiente "precisamos de trabalhar para alterar esta situação”.
Ele considerou que uma das maiores ameaças é a "degradação do ecossistema, como os solos, com a prática da agricultura", que é também a base do desenvolvimento, daí que seja preciso "trabalhar visando uma agricultura sustentável para se travar a devastação".
Huongo apontou a poluição dos solos, rios e mares como "um dos males" que comprometem a sustentabilidade ambiental no país, tendo igualmente defendido "aposta firme" na educação ambiental, a partir das famílias.
Para o líder da ADRA, Carlos Cambuta “a privação de um conjunto de direitos faz com que a população recorra aos meios que estão ao seu alcance para poder sobreviver, estamos a dizer que os recursos que o Governo atribui ao sector social no âmbito do Orçamento Geral do Estado (OGE), são irrisórios”.
O responsável associativo acrescenta que, a par do aumento de verbas para o sector social , “deve-se olhar para a rápida a necessidade da descentralização política do país com implantação das autarquias locais para que responsabilidade pelo atendimento das necessidades básicas sejam, também da administração autárquica local”.
Por sua vez, o ambientalista Bernardo Castro também considera que “onde há pobreza as primeiras vítimas são os ecossistemas” e questiona o destino que é dado ao Fundo do Ambiente, atribuído pelo Estado.
O debate, promovido em Luanda pelo Ministério do Ambiente angolano, é uma antecâmara da IX Reunião dos Ministros do Ambiente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que Luanda acolhe neste mês.
O papel da sociedade civil no alcance das metas dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, a água e o saneamento e o seu contributo face à emergência ambiental e os desafios da agenda global para a biodiversidade e a emergência climática são alguns dos temas em análise.
O encontro que congrega vários atores da sociedade civil ligados à proteção e promoção do ambiente visa colher contributos que refletem as inquietações da sociedade e as possíveis soluções nesse domínio para apoio à discussão na IX Reunião dos Ministros do Ambiente da CPLP.
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