O empresário e enviado especial da Venezuela, Alex Saab, regressa a um tribunal de Miami, nos Estados Unidos, no dia 1 de Novembro, de acordo com determinação do juiz Josh O´Sullivan.
A data foi marcada na segunda-feira, 18, depois de Saab ter sido presente ao tribunal via vídeo conferência a partir da prisão onde se encontra, numa sessão de alguns minutos em que lhe foi informado dos oito crimes de lavagem de dinheiro de que é acusado.
O juiz também perguntou se ele sabia do que era acusado e respondeu afirmativamente.
Na próxima audiência, espera-se que o juiz determine ou não uma fiança a Saab, para, em caso de a pagar, aguardar o julgamento em liberdade.
Numa terceira audiência, a procuradoria irá ler as acusações e o empresário colombiano-venezuelano deverá indicar a sua equipa de defesa.
Venezuelanos falam em "tiro certeiro" contra Maduro
O julgamento de Alex Saab está a ser seguido muito de perto pela comunidade venezuelana radicada em Miami, em grande maioria por opositores e críticos do regime de Nicolás Maduro que foram obrigados a fugir do país, bem como os chamados imigrantes económicos que escaparam à miséria na Venezuela.
Carlos Pereira, da Venezuelan American Democratic Club, com sede em Miami, disse à VOA que “é um golpe muito duro para o Governo venezuelano porque Saab é a chave e o elemento importante de todas as suas negociações financeiras debaixo da mesa de um esquema de corrupção e de narcotráfico só comparável ao de Hitler”.
Por seu turno, José Antonio Colina, presidente da organização Venezolanos Perseguidos Políticos no Exilio (VEPPEX), também com sede en Miami, classificou a prisão de Saab “un golpe certeiro na tirania de Maduro, que nestes momentos deve estar bastante preocupado”.
Tanto Pereira como Colina são de opinião que as informações que os investigadores americanos já conseguiram e vão conseguir durante o julgamento vão revelar o carácter do regime.
“Ele não tem de fazer um acordo judicial com o Departamento de Justiça para se saber a natureza do Governo, que vai ser desmascarado agora para todo o mundo ver”, sustenta Carlos Pereira para quem, por esse motivo “Nicolás Maduro está muito procupado”.
Quanto à retomada das negocições entre o Governo e oposição, entretanto suspensas por decisão de Caracas após a extradição de Saab de Cabo Verde para os Estados Unidos, o presidente da Venezuelan American Democratic Club acredita que “a farsa vai continuar porque o Governo pretende enganar o mundo para dizer que está a tentar encontrar uma solução para a crise”.
No entanto, na opinião dele, “não há negociações, mas tão somente um encenar de Maduro”.
A propósito da decisão da Venezuela de suspender as negociações devido à extradição de Alex Saab, o porta-voz do Departamento de Estado reiterou não haver qualquer relação entre as duas coisas.
“As acusações criminais contra Saab são anteriores e não têm relação com as negociações políticas entre a Plataforma Unitária da Venezuela e o regime de Maduro. Isso move-se de outras maneiras, não há nexo", sublinhou Ned Price em conferência de imprensa na segunda-feira.
Aquele porta-voz assegurou ainda que “a aplicação das leis” nos Estados Unidos “independentemente da política” do país” e lembrou que “as acusações foram apresentadas em meados de 2019".
Detenção em Cabo Verde
Preso em Cabo Verde a 12 de Junho de 2020 quando seguia para o Irão, alegadamente para negociar produtos alimentares para a Venezuela, Alex Saab foi extraditado para os Estados Unidos no dia 16 depois de o Tribunal Constitucional (TC) ter rejeitado, a 30 de Agosto, o recurso da defesa contra a decisão do Supremo Tribunal da Justiça, que, a 17 de Março, tinha recusado outro recurso contra a sentença de extradição para os Estados Unidos, a 4 de Janeiro, do Tribunal de Relação de Barlavento.
O TC indeferiu vários outros recursos da defesa.