O grupo militante somali al-Shabab diz que atacou uma base militar usada pelas equipas militares dos EUA e do Quénia neste domingo, 5 de janeiro.
O Comando Africano das Forças Armadas dos EUA disse que os relatórios iniciais reflectem danos a equipamentos e infraestrutura, e a situação permanece tensa.
Uma nuvem de fumo foi vista nas imediações da base militar na cidade costeira de Lamu, ao longo da fronteira Quénia-Somália. A base abriga forças quenianas e americanas.
Em comunicado, o comando militar dos EUA em África, conhecido como AFRICOM, confirmou que parte da fumaça poderia ter sido originada pela destruição de equipamentos na base.
O comissário do Condado de Lamu, Irungu Macharia, confirmou o ataque e diz que a área ainda não está protegida.
"Entre as 4 e 5 (da manhã) houve aquele ataque naquela base militar, na pista de aterragem. Os nossos oficiais envolveram-se com esses intrusos, e isso continuou até por volta das 6. Mas agora a situação acalmou, mas a área ainda não está segura para lá irmos. Mas a normalidade voltou e os nossos oficiais estão no terreno", disse ele.
Em comunicado, o al-Shabab disse que assumiu o controle de parte do campo e infligiu baixas no ataque.
As forças de defesa do Quénia também disseram em comunicado que combateram os agressores e que quatro militantes foram mortos.
Uma testemunha que não quis ser identificada por medo de represálias falou à VOA sobre como ele foi acordado por explosões, seguido por horas de tiros.
"Ouvimos explosões pesadas por volta das 4 horas", disse ele. "No começo, pensávamos que era uma explosão comum que ouvimos ao redor da área. Depois vimos um incêndio e uma fumaça negra espessa. Depois, por um tempo, ficou calmo, por volta das 6 horas, depois ouvimos ataques com armas até às 8. E foi a essa hora que vimos um avião a lançar que parecia serem bombas ".
Testemunhas disseram à VOA que ainda havia uma forte presença de segurança dentro e ao redor da área. Oficiais de segurança podiam ser vistos pedindo a alguns civis que apresentassem os seus documentos de identificação.
Irão vs EUA
Richard Tuta, especialista em segurança, sediado em Nairobi, diz que o al-Shabab está à procura de reconhecimento à medida que a tensão entre EUA e Irão aumenta após o ataque aéreo dos EUA que matou o comandante da Força Quds iraniana, general Qassem Soleimani.
"Eles estão cientes de que atualmente o foco está num ataque de retaliação como resultado do que aconteceu em Bagdade. Então, para eles, é uma oportunidade para que eles também se renovem internacionalmente. É por isso que, apesar de saberem muito bem que estão a perder, eles precisavam fazê-lo para se remarcar internacionalmente ", afirmou.
O ataque ocorre dias depois de combatentes do al-Shabab terem morto três pessoas num autocarro de passageiros no condado de Lamu.
A área que faz fronteira com a Somália tem sido alvo de operações de segurança nos últimos cinco anos.
O al-Shabab tem realizado ondas de ataques contra forças de segurança e civis quenianos na costa e na região nordeste.