Uma nova mensagem vídeo postada no website de um jiadista apela à juventude muçulmana do Quénia a juntar-se ao grupo militante somali al-Shabab na sua luta contra as forças quenianas.
Muito embora aquela mensagem seja típica da propaganda daquela organização, a sua linguagem é diferente da habitual.
Num sermão apresentado num vídeo de 50 minutos,um homem em camuflado militar lê a partir do Corão e apela aos quenianos para se juntarem á campanha jiadista da al-Shabab.
Diz ele que quem quer que seja percebe facilmente que o Quénia declarou guerra contra uma nação muçulmana, referindo-se à Somália. E acrescenta que o Quénia procurou a ajuda de Israel e que não há dúvidas de que uma guerra santa deve ser agora lançada no interior do Quénia.
O que chama a atenção nesta mensagem é o que o indivíduo que a faz,identificado como Ahmed Iman Ali,fala em swahili - e não em somali – como é habitual para a al-Shabab.
Um relatório tornado público em Julho do ano passado pelo grupo de observadores da ONU que está a acompanhar os acontecimentos na Somália e na Eritreia identifica Ali como sendo o chefe do Centro Muçulmano da Juventude, uma organização que funciona em Nairobi e que recruta e treina jovens carenciados para se juntarem à al-Shabab.
O referido relatório refere que Ali tem estado baseado na Somália desde 2009 e, por altura da sua publicação, estaria a comandar uma força com entre 200 a 500 combatentes, a maior parte deles quenianos.
O analista somali Abdi Samad,da organização sediada em Nairobi Southlink Consultants, afirma que Ali representa uma estratégia relativamente nova para aquele grupo militante com ligações à al-Qaida. Diz Samad:“É uma indicação clara sobre a forma como a al-Shabab vai penetrar no coração da África Oriental. E, na realidade, estão a fazer recrutamento a partir da Tanzânia, do Quénia, bem como do Uganda, do Burundi e Ruanda. Por isso, basicamente, agora têm amigos dentro da Comunidade da África Oriental, como um todo”.
As autoridades quenianas estão cientes da ameaça colocada pelos simpatizantes da al-Shabab no seio do país. Em Outubro,um homem queniano foi condenado a prisão perpétua, depois de ter confessado ter levado a cabo dois ataques à granada em Nairobi, que resultaram na morte de uma pessoas e ferimentos em 20.Estes ataques ocorreram pouco depois dos militares quenianos uma grande operação na Somália, visando a al-Shabab, que o Quénia acusa de uma série de violações fronteiriças e de raptos.As forças da União Africana,que operam na Somália,e soldados da Etiópia participaram também naquela operação.
A Al-Shabab tem procurado recrutar combatentes estrangeiros,incluindo cidadãos britânicos e americanos.Na segunda-feira,os EUA acusaram um major do exército americano de ter tentado juntar-se à al-Shabab. Foi preso pela polícia queniana,em Dezembro,quando se dirigia para a fronteira com a Somália.
As chefias militares americanas manifestaram preocupação de que a a-Shabab pretende ligar-se a outros grupos militantes em Àfrica,ligados à al-Qaida.