O Fundo Global de Luta contra a SIDA, Tuberculose e Malária (paludismo) celebra 10 anos de existência.
O fundo diz que salvou mais de sete milhões e meio de vidas apoiando programas de prevenção e tratamento.
Contudo, em Novembro o Fundo anunciou que tinha cancelado a próxima ronda de financiamento e que não seriam aprovados mais projectos até 2014.
Várias vozes advertem, contudo, para as consequências nefastas caso os doadores não prossigam as suas contribuições para esta luta.
O Fundo Global começou a recolher doações de governos e fundações privadas em Janeiro de 2002. Desde então aprovou mais de 22 biliões de dólares para centenas de programas em mais de 150 países.
Cerca de 50 países contribuíram para o fundo. Os Estados Unidos sempre foram os maiores doadores, contribuindo com 33 porcento dos fundos prometidos em cada ano. Em 2010, a administração Obama prometeu mais de um bilião de dólares.
Contudo, quando o conselho de atribuição dos fundos se reuniu em Acra, no Gana, em Novembro do ano passado, decidiu cancelar a próxima ronda de financiamento. Juntamente com a crise económica global registou-se uma redução acentuada dos donativos. Responsáveis do fundo dizem que dos mais de oito biliões de dólares esperados em donativos até ao final de 2013 a maior parte será usado para cobrir projectos já existentes. O que não deixa dinheiro para a ronda 11, que seria a seguinte ronda de apresentação de projectos por parte dos países.
A Aliança Internacional do HIV/SIDA pôs a circular o seu novo relatório intitulado “Não Parem Agora.”
Alvaro Bermejo, o director-executivo desta organização falou à VOA: “Estamos num ponto onde a ciências e os instrumentos de que dispomos nos permitem pensar num mundo sem SIDA dentro de uma geração. Mas neste momento particular, os doadores estão a faltar aos seus compromissos. O fundo global poderá ficar sem financiamento suficiente, e esta será uma visão que não se materializará. Assim apelamos aos doadores a não pararem neste momento crucial da luta contra o HIV.”
Bermejo elogiou os esforços do Fundo ao longo dos últimos 10 anos: “O Fundo global tem sido chave na resposta ao HIV, bem como à tuberculose e à malária. O grande progresso obtido nestas três doenças não teria sido possível sem o fundo.”
A crise económica forçou muitas organizações que trabalham na área da SIDA a repensarem as suas prioridades orçamentais e a tornarem-se mais eficientes.
“Penso que temos que ser o mais eficiente possível e há por certo oportunidades para o sermos ainda mais. Penso que todos fazemos o melhor. Mas não financiar o fundo global é a maior ineficiência porque não se perde apenas a oportunidade, como se retrocede e muitas das conquistas podem-se perder.”
A Aliança Internacional para o HIV/SIDA estima que o orçamento do fundo estará curto em 2 biliões.
“O buraco que temos agora é sobretudo porque as promessas de financiamento feitas pelos doadores, na conferência de refinanciamento 2010, em Nova Iorque, não foram cumpridas na sua totalidade. Ou seja os doadores não cumpriram as promessas feitas.”
O relatório da aliança examina o potencial dos efeitos duma redução orçamental em 5 países.
Por exemplo na Zâmbia, cerca de 130 mil pessoas que hoje precisam de terapia anti-retroviral não a terão. O Sul do Sudão, o mais jovem país do mundo, e onde existe uma boa estratégia de prevenção, 80 porcento do programa permanece sem financiamento.
Situação semelhante é a do Zimbabué, Bolívia e Bangladesh.
A aliança faz três recomendações:
1) Apelar aos doadores que honrem os compromissos feitos ao fundo global
2) Os governos nacionais terão que aumentar o seu próprio investimento em programas de HIV:
3) E finalmente recomenda que os doadores bilaterais tomem conta dos serviços críticos não cobertos pelos programas existentes.
Os doadores bilaterais são os estados-membros da ONU que fornecem ajuda directa a outros países.
O responsável da aliança espera que haja nova ronda de financiamento este ano, mesmo antes da décima nona cimeira internacional da SIDA a ter lugar em Washington DC, em Julho.