O Programa de Aquisição de Produtores Agro-Pecuários(Papagro), uma das instituições criadas pelo Governo angolano para ajudar a absorver a produção do campo, face às dificuldades que enfrentam os agricultores no escoamento dos produtos do campo, está a ser acusado de mutilar ainda mais a vida dos homens do campo. Eles acusam o Papagro de dever-lhes cerca de 300 mil dólares americanos.
Os agricultores recebem cebola, tomate, fuba de milho, tubérculos, melancias, melão e outros produtos para pagar o dia seguinte, mas na pratica não é isso que está a acontecer. Eles dizem estar revoltados porque, segundo dizem, a antiga Encodipa UEE exerceu melhor o papel de apoio aos camponeses.
Maria Isabel Calumbo, de 52 anos de idade, natural do município do Cuvango, província da Huila e camponesa do vale do Giraul, cidade do Namibe, explica que é uma das 50 pessoas que entregou ao Papagro, no dia 6 de Fevereiro, 11 toneladas e 555 quilos de fuba de pedras, mas que, passados quatro meses, nunca recebeu os quase 700 mil kwanzas devidos.
Calumbo ainda, que nesse mesmo dia, procedeu a entrega da farinha do milho das pedras ao preço de 80 kwanzas por quilo, três dias depois, recebeu a comunicação de que o preço tinha baixado para 60 kwanzas.
A agricultora reiterou que, além de perder 231.100, o dinheiro vai chegar-lhe às mãos com uma desvalorização acentuada que lhe deixará sem qualquer manobra para os seus negócios.
Manuela Domingas, de 38 anos de idade, fazendeira da localidade de Chimongua, comuna do Munhino, município da Bibala, reclama 9.240 quilos kilos de melancia entregues ao Papagro, desde 22 de Janeiro.
Da mesma forma, Ester Paulo, uma outra agricultora do vale da Macala, deixou de ir à sua fazenda há cinco meses por temer a fúria dos trabalhadores que há cinco meses não são pagos, por conta do Papagro. O programa não lhe paga os cerca de 200 mil kwanzas desde Janeiro e por isso não pode pagar os trabalhadores.
Em conversa com a VOA, o representante do Papagro na província do Namibe que garante que o assunto está a ser resolvido pelo Ministério do Comercio e o respectivo banco, sem dar mais detalhes.