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Agricultores angolanos criticam Reserva Estratégia Alimentar e defendem produção nacional


Fazenda agrícola Sorriso Alegre em Cacuso, Malanje, Angola
Fazenda agrícola Sorriso Alegre em Cacuso, Malanje, Angola

Em Malanje, produtores defendem apoio do Estado e linhas de crédito

O primeiro lote de produtos importados pelo Governo angolano para a Reserva Estratégica Alimentar (REA) já está no país, mas agricultores da província de Malanje criticam essa opção do Executivo para reduzir os custos da cesta básica.

Eles dizem que se as autoridades tivessem apostado no apoio aos produtores, por exemplo através do Programa de Apoio à Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), instituído em Maio de 2019, o país seria auto-suficiente.

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O agricultor Noé Gomes diz “ser uma medida menos acertada porque efectivamente há toda uma gama de terras em Angola que é produtiva em relação ao milho, este dinheiro [utilizado] na importação do milho... por que não dar aos agricultores para poderem produzir em grade escala?”, questiona Gomes, justificando que“não se faz agricultura sem dinheiro”.

“Julgamos nós ser um absurdo a importação desse milho, tínhamos que apostar na produção local e não se faz agricultura sem dinheiro”, reforça aquele produtor.

O também agricultor Carlos José Semedo, que espera das autoridades informações se serão importados alguns ou todos os produtos essenciais da cesta básica, afirma que o programa retrai a acção dos produtores internos .

“Já estávamos num bom caminho, que era o processo de produção interna que o Governo estava a levar a cabo, e agora nos aparece com essa situação de importação, sobretudo de um navio que atracou no porto do Lobito com cerca de 30 mil toneladas de cereais... cria-nos um grande desconforto”, lamenta Semedo.

Aquele produtor lembra “que o nosso país detém terras aráveis, e era suposto de que se criasse o fomento massivo e extensivo da produção interna, o que não está a acontecer”.

Por isso, Carlos José Semedo defende a reestruturação do Ministério da Agricultura e a redefinição das linhas de financiamento.

“Sobretudo criar unidades e polos de acompanhamento dos produtores para termos uma produção garantida”, propõe.

Por outro lado, os produtores em Malanje clamam por excessiva burocracia para o acesso ao crédito bancário nos diferentes programas.

Os agricultores familiares integrados no MOSAP II, no programa de combate à pobreza e noutros projectos do Governo contribuem para o aumento de alimentos, reconheceu o governador local, Norberto dos Santos, na mensagem de fim-de-ano.

“E como resultado hoje, temos mais alimentos produzidos localmente nas nossas mesas e que nos permite variar a nossa dieta alimentar sem precisarmos gastar tanto quanto fazíamos [na importação] nos outros anos”, disse.

A nível local, Norberto dos Santos prometeu que “o Governo provincial de Malanje vai continuar a envidar esforços para garantir que a agricultura familiar continue caminhando lado a lado com a empresarial, de modo que seja possível o combate à fome e à pobreza”.

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