O julgamento do polícia Derek Chauvin acusado de assassinar o africano-americano George Floyd em Minneapolis entrou ontem na sua segunda semana com mais depoimentos e esta semana prevê-se que mais agentes ou oficias da polícia testemunhem a favor da acusação algo que é raro ver-se.
Recordemos que George Floyd morreu depois de Chauvin o ter colocado no solo e colocado um joelho sobre a parte traseira do seu pescoço durante mais de nove minutos, depois de Floyd ter resistido a entrar no carro da polícia sob suspeita de ter entregue uma nota falsa de vinte dólares.
O incidente, filmado em telemóveis por várias pessoas, provocou vários dias de manifestações não só em Minneapolis mas em redor dos Estados Unidos, algumas delas violentas e também manifestações de solidariedade em várias partes do mundo.
Em todos os julgamentos quem abre é a acusação e talvez o mais notável neste julgamento até gora tenha sido, não os testemunhos emocionais e dolorosos das testemunhas oculares, mas o facto como dissemos de vários agentes e oficiais da polícia terem deposto contra Chauvin.
Na semana passada por exemplo o Sargento Jon Edwwards e o Tenente Rochard Zimmerman disseram ao júri que as acções de Chauvin tinham sido totalmente desnecessárias já que Floyd estava já algemado e sob controlo.
O Tenente Zimmerman disse ter “totalmente desnecessária” a acção de Chauvin já que os agentes no local não corriam qualquer perigo.
Ontem o o comandante da polícia de Minneapolis, Medaria Arrandondo, disse o mesmo quando chamado a testemunhar sobre o que tinha visto no video.
Brittany Packnett uma activista africano-americana que fez parte de uma comissão encarregue de discutir reformas na polícia durante a presidência de Barack Obama disse que os agentes da polícia “recebem o melhor treino, recebem orçamentos que estão a crescer de ano para ano, têm recebido aumentos nos investimentos do seu treino, e prestam juramentos para proteger e servir as nossas comunidades”.
“Essas pessoas devem ser responsabilizadas de acordo com os padrões mais altos”, acrescentou.
Claro está que quando a defesa começar a apresentar a sua versão dos acontecimentos aquilo que se passou ou mesmo o que terá causado a morte de Floyd será uma versão diferente daquela apresentada até agora.
E talvez por isso a acusação na primeira semana do julgamento trouxe testemunhas que tentaram, por assim dizer, humanizar George Floyd como medida de prevenção da defesa para o apresentar como um criminoso.
Já há protestos contra o facto da defesa impugnar o carácter de Floyd afirmando-se que quem está a ser julgado é Chauvin e não Floyd, mas isso não vai impedir a defesa de fazer uso de factos sobre o passado criminoso de Floyd, algo que poderá no entanto ser limitado pelo juiz.
Juan Williams comentarista da cadeia de televisão Fox News disse que na semana passada “todos esses testemunhos humanizaram George Floyd de um modo que enfraquece a defesa típica de polícias que estão envolvidos em casos de uso desnecessário de força”.
“Geralmente o caso apresentado é que os polícias estavam a lidar com um negro perigo e ameaçador, um homem grande fisicamente e tinham que lidar com uma situação perigosa”, disse Williams que sublinhou que “a história diz nos que é difícil condenar polícias, os júris são muito relutantes em fazer isso”
Para Williams é uma certeza que “a defesa vai apresentar a sua versão de que Floyd estava drogado, que ele tinha problemas de saúde que fizeram complicar a situação que levou à sua morte e ainda que quando se juntou uma multidão os agentes sentiram que estavam a lidar com uma multidão agitada”.
“Mas o que foi novo esta semana foi vermos polícias a quebrar o silêncio de solidariedade e mostrarem estar prontos a testemunhar contra Derek Chauvin, juntamente com pessoal do serviços médicos de emergência”, disse o comentarista da Fox News.
“Isso não tem precedentes e portanto agora vamos ter que ver se o sistema pode fazer justiça a George Floyd”, acrescentou.
Esta semana deverá haver o testemunho de mais dois agentes da polícia.