Há 50 anos, a 1 de maio den 1974, uma semana depois da Revolução de Abril em Portugal que derrubou o regime fascista de então, o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, considerado um dos principais símbolos do fascismo, abriu as portas ante a pressão de militantes do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde.
Nesta quarta-feira, 1 de maio, o Presidente de Cabo Verde e os seus homólogos de Portugal e da Guiné-Bissau, e o ministro da Defesa de Angola, em representação de João Lourenço, homenagearam os cerca de 500 lutadores pela independência e liberdade que por lá passaram.
Estiveram presentes 22 antigos presos de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde~.
Fernando Tavares “Toco”, é um cabo-verdiano que vivia na França quando foi recrutado por Amílcar Cabral em França para regressar a Cabo Verde e mobilizar pessoas para a luta.
A meio da década de 1960 regressou e foi preso pouco tempo depois, tendo estado detido no Campo de Concentração do Tarrafal.
No dia 1 de maio de 1974, com mais militantes do PAIGC, protagonizou o movimento que levaria à libertação dos presos que ainda lá se encontravam, como contou à Voz da América.
Na celebração de hoje, o também antigo prisioneiro político e, mais tarde, diplomata Luís Fonseca lembrou que a prisão pretendia fazer desaparecer os ideais de liberdade, mas que produziu "solidariedade, pensamento e até poesia e novas canções".
Para que não haja mais “tarrafais”, Fonseca exortou as novas gerações a visitarem o antigo campo do Tarrafal, na atualidade, Museu da Resistência.
Em entrevista à Voz da América, aquele antigo militante da independência disse que "faria tudo de novo".
No seu discurso, o Presidente de Cabo Verde afirmou que o futuro nasce da união no passado, quando os povos de Portugal e das colónias estiveram na mesma trincheira” e que agora "são novos os desafios e horizontes, numa conjuntura "mundial cada vez mais complicada".
José Maria Neves apontou as vagas migratórias de quem foge da violência e de “novas prisões” e apelou ao reforço da “democracia” com humanidade.
"Estes homens, aqui e agora homenageados, felizmente, alguns ainda entre nós e presentes nesta cerimónia, deram o melhor de si, da sua juventude, para alcançarmos a liberdade e a independência. Temos uma dívida de gratidão para com estes jovens de há cinquenta anos! Que os de hoje se inspirem na vossa coragem, generosidade, espírito de sacrifício, compromisso com a justiça e dedicação às grandes causas", concluiu o Presidente.
Por seu lado, o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa destacou “o museu que se quer vivo para testemunhar o que não queremos que seja o presente, nem o futuro”, sobretudo "para os jovens de amanhã saberem aquilo que devem rejeitar, sempre: não há confusão possível entre opressão e liberdade, entre ditadura e democracia”.
Na sua intervenção, Umaro Sissoco Embaló, da Guiné-Bissau, “inclinou-se” perante a memória dos presos políticos e o ministro da Defesa de Angola Joao Ernesto dos Santos, em representação do presidente João Lourenço, enalteceu todas as iniciativas que destaquem a resistência ao regime colonial.
A Agenda Africana destaca as celebrações dos 50 anos da libertação dos últimos presos do Campo de Concentração do Tarrafal.
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