O Presidente francês reconheceu que a política de Paris para África está ultrapassada e ao optar por visitar quatro países, dos quais dois não foram suas colónias, Angola e República Democrática do Congo, Emanuel Macron assume que é necessária uma nova parceria com os países africanos.
“O nosso modelo não deve ser mais bases militares como as que temos agora", afirmou Macron na terça-feira, 28, ao anunciar a sua "nova estratégia", que vai permitir que "amanhã, a nossa presença (militar) passará por bases, escolas, academias, que serão geridas conjuntamente” por quadros franceses e africanos.
Ele prometeu reduzir o número de tropas francesas na África sob uma "nova parceria de segurança" e implementar políticas económicas mais ambiciosas, porque, disse, "existe outro caminho”.
Este outro caminho já é, em parte, trilhado particulamente na África Austral, onde a presença francesa é nome e sem o prejuízo de ter o cunho colonial.
O analista político angolano Cláudio Silva acentua o facto de a presença francesa em África ter duas percepções: uma nos países das antigas colónias, como no Sahel e da África Ocidental, de muita crítica, e outra por exemplo na África Austral, nomeadamente em Angola onde essa cooperaçao é bem-vinda.
Fernando Fonseca, investigador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas da Guiné-Bissau (INEP), é de opinião que Paris perdeu espaço e terreno e deve definitivamente optar por uma estratégia win-win com os países africanos, e não na posição de verticalidade como tem actuado, como se a África Ocidental fosse o "seu quintal".
Convidados da Agenda Africana, da VOA, para analisarem o objectivo e impacto da visita de Emanuel Macron ao Gabão, Angola, República Democrática do Congo e República do Congo, aqueles especialistas passam em revista o percurso de Paris no continente, abordam a estratégia anunciada pelo Presidente francês e opinam sobre o papel protagonista que a África deve desempenhar actualmente no mundo, facto que levou recentemente a vários países do continente dirigentes de peso dos Estados Unidos, China, Rússia e, agora, da França.
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