O escândalo do crédito mal parado do banco Espirito Santo Angola (BESA) levanta questões sobre a governação em Angola que dificultam também o desenvolvimento do país, disse a conceituada agência de notação financeira, Fitch.
O Governo angolano teve que intervir com uma garantia de 5,7 mil milhões de dólares para impedir a falência do BESA devido à concessão de créditos que não foram pagos.
A Fitch fez notar que essa garantia, mesmo que seja usada na sua totalidade, não deverá afectar a qualidade do crédito angolano.
A garantia, entretanto, poderá servir para diminuir a protecção dada pelas reservas líquidas e “levanta questões mais abrangentes sobre a governação, particularmente no sector bancário”.
A Fitch afirmou que a garantia do Estado angolano estende-se a todos os credores e que isso servirá para restaurar a confiança no banco. Avisou ainda que em caso de necessidade e se a garantia não for cumprida credibilidade da dívida soberana de Angola poderá ser minada.
Entretanto, a companhia de notação financeira assegura haver liquidez suficiente para assegurar a garantia.
A Fitch adiantou que os problemas no BESA não devem ser “sintomáticos de problemas extremos através do sector bancário”, mas reflecte o fraco controlo do crédito e más decisões de empréstimos pela administração do banco que já foi substituída.
A agência continua ainda a dizer que, apesar de medidas recentemente tomadas, a capacidade do banco central de monitorizar as actividades dos bancos no país permanece fraca, dificultada por negócios que envolvem o partido no poder, a presença de companhias estatais no sector dominante do petróleo e o que chama de “ligações estreitas entre influentes figuras politicas através dos vários sectores económicos”.
“A fraca governação permanece como sendo o grande impedimento para se resolver os desafios ao desenvolvimento de Angola”, diz a nota da agência Fitch.
O BESA é propriedade em 51 por cento do Banco Espirito Santo de Portugal (BES), que tem estado em enormes dificuldades económicas.
A garantia dada pelo Estado angolano ao BESA protege o BES do incumprimento dos empréstimos feitos pelo BESA.