As eleições autárquicas são importantes para a democratização do país, disse Raul Danda, chefe da bancada parlamentar da UNITA, no programa “Angola Fala Só”.
Respondendo ao ouvinte Marcolino Bernial que telefonou de Luanda, o deputado da UNITA rejeitou o argumento de alguns governantes que não existem condições para a realização dessas eleições em 2014 como previsto.
Ao apresentar esse argumento o governo está “a passar um certificado de incompetência ao povo angolano” disse Danda que disse que quando Agostinho neto assumiu a presidência do país em 1975 não tinha nenhum experiencia de governar o país.
Danda manifestou receio que o governo possa estar a tentar evitar as eleições autárquicas até 2015 altura em que pode alterar a constituição e então reduzir o poder local actualmente previsto.
“Eu credito que há medo das autárquicas por parte do governo,” disse o chefe da bancada parlamentar da UNITA.
“É possível realizar as eleições autárquicas em 2014 e há condições para tal,” acrescentou já em resposta ao ouvinte António Canhanga da Lunda Norte.
Danda disse que a UNITA vai continuar a exercer pressão para que as eleições se realizem.
O chefe da bancada parlamentar da UNITA disse que uma das principais tarefas do seu partido no parlamento é de assegurar que haja inquéritos e fiscalização.
“Não é credível que um país que se diz democrático esteja a gerir fundos públicos sem que haja prestação de contas,” disse Danda que defende ainda a transmissão dos debates parlamenteares em directo pelos órgãos de informação.
“ O cidadão tem o direito de ser informado pois o que se passa na Assembleia Nacional diz respeito a todos,” acrescentou para afirmar ainda que a UNITA vai continuar a exigir que esses debates sejam transmitidos.
Raul Danda rejeitou a acusação levantada por um ouvinte que o recente “caso Mfuka Muzemba” envolva tribalismo.
Muzemba era o antigo dirigente da ala da juventude da UNITA, JURA, e foi recentemente afastado do cargo por alegada corrupção.
Danda disse que isso não se devia a tribalismo e fez notar que ele é de Cabinda e ocupa posições de grande importância dentro da UNITA.
Para além disso, afirmou, se houvesse tribalismo Muzemba nunca teria sido primeiramente nomeado para o cargo que ocupou.
Raul Danda comentou também a prisão do jovem Nito Alves por alegada difamação do presidente e ainda a prisão recente de vários manifestantes.
No caso de Nito Alves, disse Danda, “ prenderam uma criança pois ele nem sequer tem maioridade”.
“ O governo tem que começar a respeitar os cidadãos e a respeitar a lei,” disse, recordando que “as manifestações estão previstas na lei”.
“Sem que muitos dirigentes não falam as n línguas nacionais mas a constituição está escrita em português e diz bem claro que os cidadãos têm o direito á manifestação e não precisam de nenhuma autorização,” disse.
O ouvinte Fernando Cardoso da Lunda Norte insurgiu-se contra a presença de muçulmanos no pais, afirmando que Angola “é um país cristão” .
Isto em aparente reacção á recente destruição de mesquitas pelas autoridades alegadamente por terem sido construídas ilegalmente.
Danda respondeu que o “estado angolano é laico e não pode julgar ou discriminar pessoas com base na religião”.
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