Há uma inversão de valores morais em Angola, disse o Padre Jacinto Pio Wacassunga quando falava no “Angola Fala Só”.
O Padre Pio, da organização “Construindo Comunidades”, respondia ao ouvinte João Carlos da Lunda Norte que descreveu um incidente em que guardas teriam morto a tiro um garimpeiro, levando o ouvinte a perguntar se “um diamante vale mais do que uma vida humana?”
O convidado da Voz da América disse que embora não pudesse comentar directamente sobre o caso mencionado, “incidentes deste género têm acontecido” através de Angola.
“Em alguns casos tem havido uma inversão de valores em que as vidas humanas valem menos do que as riquezas,” disse.
“Valoriza-se mais as riquezas e as terras do que as pessoas e isso é mau para futuro de Angola,” acrescentou o Padre Pio.
Alguns dos ouvintes que dialogaram com o Padre Pio insurgiram-se contra o que disseram ser a cooperação entre Bispos da Igreja Católica e o governo. Um dos ouvintes mencionou um recente encontro entre o Cardeal de Luanda e membros do governo.
O convidado do “Angola Fala Só” disse que embora não soubesse qual a agenda desse encontro devem sempre ser ouvidos “todos os espaços”
Para outro ouvinte o Padre Pio recordou que a Igreja “não são só os bispos” sendo todo um trabalho desenvolvido aos mais diversos níveis através de Angola.
Vários dos ouvintes do “Angola Fala Só” quiseram saber da razão porque a Rádio Ecclésia continua a não transmitir a nível nacional.
“Os problemas da Rádio Ecclésia não têm nada a haver com problemas legais, são problemas políticos,” disse o Padre Pio para quem há ainda em Angola “muitos indivíduos que têm muito receio do que se possa escutar explicado as causas do que se no país”.
O Padre Pio recordou que por exemplo em Moçambique há mais de 40 rádios comunitárias a funcionar, acrescentando que o papel da Rádio Ecclésia como veículo da Igreja Católica “é elevar as consciências” e isso é algo que a Rádio nacional de Angola não pode fazer.
“A igreja tem a missão de elevar os valores morais de dar um exemplo moral de entrega e sacrifício,” disse.
O Padre Pio disse que no caso da sua província, a Huíla, material comprado para o começo das emissões está a deteriorar-se.
“Os que contribuíram para a compra desse material não foram os ricos e o governo tem uma grande responsabilidade pela destruição do mesmo,” disse recordado as contribuições monetárias feitas pelos crentes.
O dirigente da “Construindo Comunidades” defendeu ainda uma maior participação a nível local na planificação de obras de desenvolvimento.
“ Falo das autárquicas,” disse o Padre Pio para quem as autoridades devem também ter em conta “os valores locais e culturais” nessa planificação..
Abordando a seca que se sente neste momento no município dos Gambos onde ele é pároco na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, o Padre Pio afirmou que a situação “ em quase nada mudou”.
Há “alguma ajuda” por parte do governo mas é preciso “mais ajuda e melhor programada”.
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