A corrupção e a falta de infra-estruturas e de qualidade foram os problemas identificados no “Angola Fala Só” como aqueles que mais afectam o ensino no país.
“Hoje a corrupção está institucionalizada em Angola”, disse Miguel Quimbenze, coordenador do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), uma organização que teve o seu início em 2001, mas que depois de alguns anos de grande actividade entrou numa fase de dormência até 2013.
Quimbenze, em resposta um ouvinte do Huambo disse que a sua organização já manteve vários encontros com entidades governamentais , fazendo notar um encontro com o vice-presidente, que as “preocupações” da organização foram “ouvidas atentamente”.
No programa, fez notar um decreto presidencial regulamentando a merenda escolar que, segundo disse, foi o resultado da uma proposta do MEA. Outros problemas abordados nesses encontros foram a uniformização do ensino, bolsas internas, passe social, entre outros.
Grande parte dos ouvintes que telefonaram para dialogar com Miguel Quimbenze, queixou-se da corrupção, quer na admissão de alunos quer nos exames.
Quimbenze recordou que a Constituição angolana garante o ensino gratuito pelo que pedidos de dinheiro para garantir a matricula de alunos deve ser denunciada.
“Não devemos pactuar com situações do género”, disse Quimbenze, quem apelou aos ouvintes a denunciarem esses actos de corrupção. A esse respeito forneceu três números de telefones para que casos de corrupção sejam transmitidos à sua organização para possível investigação e denuncia: 922 176 841, 923 009 997, 918 267 777.
O coordenador do MEA disse que Angola se debate actualmente na educação com “o grande problema que é o facto da procura ser muito superior à oferta”.
A este respeito Quimbenze disse que os governos provinciais e municipais devem fazer mais para garantir a construção de mais escolas no país.
“O estado tem que criar condições por uma criança sem educação é uma bomba no seio da sociedade” disse, acrescentando que a educação “é um direito fundamental”.
Por isso, disse, os pais devem organizar-se para exigir o cumprimento desse direito.
”Uma sociedade que não é educada é uma sociedade fraca”, disse Quimbenze, afirmando que “há que criar mecanismos para forçar os governos provinciais a construírem escolas”.
O dirigente do MEA considerou um fracasso a reforma do ensino em Angola afirmando que “ela não se enquadra com a nossa realidade” em que “há crianças que vão com fome para a escola”.
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