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Zona de livre comércio em África nasce em Kigali


Líderes africanos assinam acordo em Kigali
Líderes africanos assinam acordo em Kigali

Bloco vai integrar 55 Estados, 1,2 mil milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) acumulado de 2,3 trilhões de dólares

Chefes de Estado e de Governo e ministros de 40 países africanos assinaram nesta quarta-feira, 21, em Kigali, no Rwanda, o tratado de criação daZona de Livre Comércio Continental.

O novo bloco permitirá criar o maior mercado do mundo, com 55 Estados, 1,2 mil milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) acumulado superior a 2,3 trilhões de dólares.

África cria zona de livre comércio - 11:00
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A Zona de Livre Comércio Continental visa fortalecer os fragmentados mercados africanos e falar, a uma só voz, em negociações com outros blocos.

Moussa Faki Mahamat apela à ratificação do tratado
Moussa Faki Mahamat apela à ratificação do tratado

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, apelou os Estados a ratificaram o acordo para que o mesmo entre em funcionamento ainda neste ano.

São necessárias pelo menos 22 ratificações.

Entretanto, o tratado não foi rubricado, por exemplo, pela Nigéria, uma das mais poderosas economias africanas e o país mais populoso do continente, que pediu mais tempo para analisar as implicações da iniciativa.

O Presidente Muhammadu Buhari admite que, quando muito, Abuja aceitará apenas "dar mais tempo para consultas".

A poderosa central sindical Congresso dos Trabalhadores Nigerianos alertou ser contra a criação da zona porque, na sua óptica, trará efeitos negativos para o país.

Muhammadu Buhari, de fora
Muhammadu Buhari, de fora

Mas há outras leituras.

Muitas vantagens

“A África é um continente que não comercializa consigo mesma e com o resto do mundo. E, por causa disso, a grande população do continente não constitui nenhuma vantagem porque a África não tira proveito do tamanho do seu mercado, que é de 1,2 mil milhões de pessoas, e um PIB de mais de 2,3 trilhões de dólares”, lembra Erastus Mwencha, antigo vice-presidente da Comissão da União Africana e ex-secretário geral do Mercado Comum da África Oriental e Austral.

Por seu lado, Gerrishon Ikiara, director associado do Instituto de Diplomacia e Estudos Internacionais da Universidade de Nairobi, no Quénia, observa que a África enfrenta muitas barreiras políticas, sociais e económicas à integração.

“Há também às vezes conflitos entre a África francófona, a África de língua inglesa, a parte árabe magrebina da África no norte da África. E depois algumas economias dominantes como a África do Sul, a Nigéria e pequenas como o Rwanda”, explica aquele economista.

PIB acumulado de 2,3 trilhões de dólares
PIB acumulado de 2,3 trilhões de dólares

O Comissário da União Africana para o Comércio e Indústria, Albert Muchanga, defende, entretanto, que “a indústria africana e a classe média do continente vão beneficiar com a eliminação progressiva dos direitos alfandegários entre os membros da Zona de Livre Comércio Continental “e lembra o potencial da ideia, uma vez que apenas 16 por cento do comércio dos países africanos é feito no continente.

Muchanga alerta que se os direitos alfandegários forem abolidos, até 2022 o nível de comércio intra-africano aumentará 60 por cento.

Angola não está preparada

Angola, Mocambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe assinaram o tratado constitutivo do bloco em Kigali

Em Luanda, o presidente da Associação Industrial de Angola, José Severino, considera que“o país precisa de pelo menos cinco anos de crescimento e experiência para poder competir no comércio continental”.

O empresário sugere que o país devia começar “por reforçar e consolidar as trocas comerciais com os países vizinhos, construir infraestruturas e desenvolver a indústria transformadora” antes de entrar para a competição continental.

A Zona de Livre Comércio Continental é o primeiro passo para a criação de um mercado comum e de uma união económica e monetária de África, no âmbito da chamada Agenda 2063.

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