Este ano, a temporada de greves está a prejudicar os sectores mineiros, de construção e automóvel. A única coisa diferente este ano é a excepcionalmente enorme lista de exigências dos sindicatos envolvidos, numa altura em que as companhias tentam sobreviver numa arena internacional cada vez mais competitiva.
A Confederação dos Sindicatos sul-africanos, COSATU, é desde há muito um dos principais actores nacionais. Neste momento, contudo, sofre um período difícil de transição registando-se muita luta interna. No topo, à guerra andam o secretário-geral e presidente de longa data enquanto alguns dos sindicatos membros estão a perder influencia em vários sectores, desde as minas aos transportes.
Vic Van Vuuren, o director da Organização internacional do Trabalho na África do sul e explica: há um movimento ao nível de baixo, onde os trabalhadores estão desiludidos com o que se está a passar dentro da COSATU, e começam a formar os seus próprios sindicatos rivais. Um movimento que está a provocar o debate e onde os sindicatos estão a tentar obter melhores acordos com os seus membros e que estão a provocar maiores exigências.
Exigências salariais especialmente altas este ano. No sector mineiro, por exemplo, a filial da COSATU, Sindicato Nacional dos Mineiros, está a exigir um aumento salarial de 60%, enquanto um sindicato rival, AMCU, exige aumento salarial de 150%.
Os gestores mantêm-se firmes na sua oferta de aumento de 6,5% e parecem estar mais a reagir do que a antecipar as linhas numa batalha entrincheirada.
Van Vuuren sugere que as companhias estão a perder a oportunidade de estabilizar de alguma forma o sector mineiro ao não delinearem uma política de longo curso: “Parecem coelhos espantados com os focos de luz, não sabendo se devem ir para a direita ou para a esquerda, e a verem o que resulta da luta entre os sindicatos. Isso é muito perigoso. Os gestores parecem querer descansar à sombra dos seus louros e dizem, pronto quanto à questão do dialogo social apenas nos vamos preocupar quando for a negociação salarial. E este não deve ser o posicionamento porque os níveis de pobreza são tão elevados e a diferença salarial é tão grande que estarão sempre na agenda.”
Mas o sector mineiro em si está numa situação difícil este ano. Charmane Russell é a porta-voz do sector do ouro na Câmara Mineira diz que a sua industria sofre particularmente este ano: “Os custos industriais subiram imenso. Os custos laborais subiram certamente, e também os custos administrativos coisas como a electricidade que subiu imenso. Ao mesmo tempo a produção caiu. Actualmente, 60% dos produtores de ouro não têm rentabilidade.”
A África do Sul foi em tempos o maior produtor mundial de ouro. Mas a queda dos preços do minério, combinado com os custos de minerar em reservas de ouro a grandes profundidas teve o seu impacto. E as greves crónicas nos sectores do ouro e da platina devido às mas condições de trabalho levou a uma queda acentuada na produção.
Uma situação que pressiona cada vez mais a maior economia Africana, já a braços com um fraco crescimento..
Desde o ano passado varias minas anunciaram planos de retracção e restruturação. A situação agrava um dos problemas mais crónicos e graves: a taxa de desemprego de mais de 25%. Com tantos desempregados, cada trabalhador suporta com frequência uma família alargada. E muitos dizem mesmo que exigência de um aumento salarial tão grande se deve precisamente à uma necessidade enorme mais do que um aumento de produção.
Van Vuuren defende uma completa restruturação do sistema actual por forma a sair do circulo vicioso: “O governo deveria sentar-se com lideres empresariais e decidirem um pacto social que seja radical e responda a necessidades futuras. Mas não vejo hoje as mesmas soluções criativas que vimos nos anos 90 e na década seguinte. Precisamos desesperadamente de algo que indique às massas sul-africanas que estamos preocupados com elas, que vamos trabalhar com elas, é isto que estamos preparados para oferecer.”
Vanessa Phala, directora executiva do grupo Business Unity South Africa, afirma que os empregadores estão prontos a envolver-se numa discussão alargada: “Não podemos ter uma situação em que os sindicatos aparecem a exigir um aumento de 120%. Mesmo os empregadores devem negociar de boa fé. A comunidade empresarial na África do Sul está disposta a trabalhar em qualquer alternativa para garantir que não vamos afundar a economia. Mas temos que ser realistas também: estamos a operar no mercado global e temos que permanecer competitivos mundialmente.”
Governo, sindicatos e empresários estão a preparar a primeira cimeira onde cada uma das partes pode falar depois de terem diminuído as tensões provocadas pelas negociações salariais. Cimeira que terá lugar no final do ano.
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A Confederação dos Sindicatos sul-africanos, COSATU, é desde há muito um dos principais actores nacionais. Neste momento, contudo, sofre um período difícil de transição registando-se muita luta interna. No topo, à guerra andam o secretário-geral e presidente de longa data enquanto alguns dos sindicatos membros estão a perder influencia em vários sectores, desde as minas aos transportes.
Vic Van Vuuren, o director da Organização internacional do Trabalho na África do sul e explica: há um movimento ao nível de baixo, onde os trabalhadores estão desiludidos com o que se está a passar dentro da COSATU, e começam a formar os seus próprios sindicatos rivais. Um movimento que está a provocar o debate e onde os sindicatos estão a tentar obter melhores acordos com os seus membros e que estão a provocar maiores exigências.
Exigências salariais especialmente altas este ano. No sector mineiro, por exemplo, a filial da COSATU, Sindicato Nacional dos Mineiros, está a exigir um aumento salarial de 60%, enquanto um sindicato rival, AMCU, exige aumento salarial de 150%.
Os gestores mantêm-se firmes na sua oferta de aumento de 6,5% e parecem estar mais a reagir do que a antecipar as linhas numa batalha entrincheirada.
Van Vuuren sugere que as companhias estão a perder a oportunidade de estabilizar de alguma forma o sector mineiro ao não delinearem uma política de longo curso: “Parecem coelhos espantados com os focos de luz, não sabendo se devem ir para a direita ou para a esquerda, e a verem o que resulta da luta entre os sindicatos. Isso é muito perigoso. Os gestores parecem querer descansar à sombra dos seus louros e dizem, pronto quanto à questão do dialogo social apenas nos vamos preocupar quando for a negociação salarial. E este não deve ser o posicionamento porque os níveis de pobreza são tão elevados e a diferença salarial é tão grande que estarão sempre na agenda.”
Mas o sector mineiro em si está numa situação difícil este ano. Charmane Russell é a porta-voz do sector do ouro na Câmara Mineira diz que a sua industria sofre particularmente este ano: “Os custos industriais subiram imenso. Os custos laborais subiram certamente, e também os custos administrativos coisas como a electricidade que subiu imenso. Ao mesmo tempo a produção caiu. Actualmente, 60% dos produtores de ouro não têm rentabilidade.”
A África do Sul foi em tempos o maior produtor mundial de ouro. Mas a queda dos preços do minério, combinado com os custos de minerar em reservas de ouro a grandes profundidas teve o seu impacto. E as greves crónicas nos sectores do ouro e da platina devido às mas condições de trabalho levou a uma queda acentuada na produção.
Uma situação que pressiona cada vez mais a maior economia Africana, já a braços com um fraco crescimento..
Desde o ano passado varias minas anunciaram planos de retracção e restruturação. A situação agrava um dos problemas mais crónicos e graves: a taxa de desemprego de mais de 25%. Com tantos desempregados, cada trabalhador suporta com frequência uma família alargada. E muitos dizem mesmo que exigência de um aumento salarial tão grande se deve precisamente à uma necessidade enorme mais do que um aumento de produção.
Van Vuuren defende uma completa restruturação do sistema actual por forma a sair do circulo vicioso: “O governo deveria sentar-se com lideres empresariais e decidirem um pacto social que seja radical e responda a necessidades futuras. Mas não vejo hoje as mesmas soluções criativas que vimos nos anos 90 e na década seguinte. Precisamos desesperadamente de algo que indique às massas sul-africanas que estamos preocupados com elas, que vamos trabalhar com elas, é isto que estamos preparados para oferecer.”
Vanessa Phala, directora executiva do grupo Business Unity South Africa, afirma que os empregadores estão prontos a envolver-se numa discussão alargada: “Não podemos ter uma situação em que os sindicatos aparecem a exigir um aumento de 120%. Mesmo os empregadores devem negociar de boa fé. A comunidade empresarial na África do Sul está disposta a trabalhar em qualquer alternativa para garantir que não vamos afundar a economia. Mas temos que ser realistas também: estamos a operar no mercado global e temos que permanecer competitivos mundialmente.”
Governo, sindicatos e empresários estão a preparar a primeira cimeira onde cada uma das partes pode falar depois de terem diminuído as tensões provocadas pelas negociações salariais. Cimeira que terá lugar no final do ano.
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