O mercado financeiro sul-africano está muito nervoso com a notícia de que o Ministro das Finanças, Pravin Gordhan, vai a tribunal no dia 2 de Novembro para responder por um caso de fraude.
Gordhan foi intimado pelo Ministério Publico por causa de uma decisão tomada há 10 anos de conceder reforma antecipada ao seu antigo vice, Ivan Pillay, quando dirigia a Autoridade Tributaria.
A reforma antecipada fora solicitada por Ivan Pillay. Gordhan foi então aconselhado pelo ex-comissário Oupa Magashule a aprovar o pedido. Pillay foi depois contratado para continuar a trabalhar na mesma instituição.
Para o Ministério Publico, a reforma antecipada lesou o fundo de pensões do Estado em mais de um milhão de randes, cerca de 72 mil dólares norte-americanos.
O Chefe do Ministério Publico disse que este caso é separado de um outro contra Gordhan relativo ao estabelecimento de uma unidade especial de investigação e combate à corrupção.
A intimação do Ministro das Finanças foi anunciada na ausência do Presidente Jacob Zuma, que está em visita de Estado no Quénia.
Para analistas, o julgamento de Gordhan tem motivações politicas e ajuste de contas pelo Presidente Zuma.
Gordhan foi imposto a Zuma pelo poderoso sector privado depois da demissão surpreendente de Nhlanhla Nene, em Dezembro ultimo, colocando o menos conhecido e aliado de Zuma, David van Rooyen.
O Presidente Zuma não tem escondido a mágoa de ter sido forçado a tirar o seu aliado em 48 horas da pasta das Finanças.
Gordhan foi Ministro das Finanças durante o primeiro mandato de Zuma e é considerado grande barreira para as manobras de pilhagem do erário publico sul-africano.
Nos últimos 20 anos, África do Sul perdeu mais de 50 mil milhões de dólares norte-americanos em corrupção envolvendo muita gente da elite política. Zuma, por exemplo, foi forçado a devolver ao Estado cerca de 570 mil dólares indevidamente usados nas obras da sua residência particular de Nkandla.
A decisão de processar Pravin Gordhan afecta os países vizinhos largamente dependentes da economia sul-africana. É que a queda do rand provoca o aumento de preços de produtos de primeira necessidade, que a região importa da África do Sul.