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Administração Regional de Águas pede retirada urgente da população das zonas  ribeirinhas


Foto de arquivo
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A Administração Regional de Águas do Centro (ARA-Centro), responsável pela gestão hidrológica das bacias da região, pede a retirada urgente da população, que vive nas zonas ribeirinhas de oito distritos das províncias de Tete, Manica, Zambézia e Sofala, devido à crescente ameaça de cheias e inundações.

A ocorrência cíclica de cheias e inundações naquelas zonas tem resultado em perdas humanas e avultados danos materiais.

Administração Regional de Águas pede retirada urgente da população das zonas ribeirinhas
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“Fizemos um apelo para a população, no geral, para a tomada de medidas de precaução, uma vez estarmos no pico da época chuvosa, embora ocorram chuvas fracas, moderadas, mas sempre vão ocorrer chuvas fortes, em alguns pontos das bacias”, diz em declarações à VOA, Francisco Macaringue.

Macaringue, que é chefe de departamento dos Recursos Hídricos na ARA-Centro, lembra que os primeiros três meses desta época chuvosa foram caraterizadas por temperaturas altas e baixo escoamento das bacias da região, esperando-se um cenário contrário nos próximos tempos, daí a necessidade de precaução da população, que vive nas ilhas e nas margens dos rios.

Falhas

Anualmente, milhares de pessoas recusam-se a aceitar os apelos de retirada das autoridades, alegadamente receando abandonar os bens e atividades de sobrevivência, como a pesca e agricultura. Por essa razão, foram iniciadas buscas para evacuar pessoas que se escondem nas ilhas de distritos ribeirinhos.

Samuel Simango, analista político, observa que a retirada cíclica da população em áreas propensas a cheias e inundações nas épocas chuvosas revela falhas e as estratégias precisam de ser repensadas pelo governo.

O apelo, "emitido pela ARA-Centro é aquilo que podemos chamar de falhanço das políticas públicas do país. Tem falhado essencialmente por falta de uma planificação”, diz Simango.

Simango realça que, quando ocorremcheias ou ciclones, “os órgãos responsáveis pela gestão dos desastres ganham muito por isso”, e o apoio humanitário é visto como “um grande negócio” para as elites.

Sobrevivência

O também professor universitário defende que o governo tem adotado apenas medidas de mitigação em épocas chuvosas no lugar de estratégias definitivas, que passam por criar condições razoáveis de sobrevivência nas áreas de reassentamento das populações retiradas das zonas ribeirinhas.

“São enviadas para zonas onde não é possível praticar a agricultura, não é possível praticar a pesca, então a vida das pessoas torna-se muito difícil, sendo assim, essas pessoas passado o período das cheias regressam às zonas de origem”, frisa Samuel Simango, que vinca que os gestores estatais dos programas humanitários “beneficiam-se do sofrimento da população”.

Previsões da época 2023-2024 apontam para a ocorrência de chuvas abaixo do normal, em toda a zona sul do país e no sul das províncias do centro de Moçambique; e chuvas normais com tendência para acima do normal no norte do país, e no norte das províncias do centro; bem como o risco de cheias, nas principais bacias hidrográficas.

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