A Administração Biden confirmou nesta quinta-feira, 1, o acordo com a Rússia para a libertação de prisioneiros americanos detidos por Moscovo Evan Gershkovich e Alsu Kurmasheva, do ex-fuzileiro norte-americano Paul Whelan e do residente permanente Vladimir Kara-Murza.
No total, os EUA garantiram a libertação de 16 indivíduos, incluindo cinco alemães detidos injustamente e sete cidadãos russos, em troca de oito detidos na América, Alemanha, Polónia, Noruega e Eslovénia.
“A troca de hoje será histórica. Desde a Guerra Fria que não se registava um número semelhante de indivíduos trocados desta forma”, disse o Conselheiro de Segurança Nacional aos jornalistas num encontro.
“É o culminar de muitas rondas de negociações complexas e meticulosas ao longo de muitos e muitos meses", acrescentou Jake Sullivan, sublinhando que o acordo marca também a primeira vez que tantos países e aliados trabalharam em conjunto para garantir a libertação de indivíduos detidos injustamente.
Além dos americanos, o acordo garante a libertação de cidadãos alemães e prisioneiros políticos russos, incluindo Dieter Voronin, Kevin Lick, Rico Krieger, Patrick Schoebel, Herman Moyzhes, Ilya Yashin, Liliya Chanysheva, Kseniya Fadeyeva, Vadim Ostanin, Andrey Pivovarov, Oleg Orlov.
Entre os americanos, está Paul Whelan, um antigo fuzileiro naval dos EUA, preso em Moscovo em 2018 e condenado dois anos depois a 16 anos numa colónia penal por acusações de espionagem que ele e Washington negam .
O jornalista do Wall Street Journal Evan Gershkovich e a jornalista da Radio Free Europe/Radio Liberty Alsu Kurmasheva detidos em 2023 e condenados em julgamentos feitos à porta fechada também estão no grupo
Kara-Murza, ativista e colunista do The Washington Post detida desde abril de 2022, também foi libertada.
Do outro lado, o Kremlin negociou a libertação de Vadim Krasikov, um russo que cumpria pena de prisão perpétua na Alemanha.
“Ficou claro que os russos não concordariam com a libertação destes indivíduos sem uma troca que incluísse Vadim Krasikov”, explicou Sullivan.
Krasikov foi condenado pelo homicídio de um dissidente checheno em Berlim, em 2019 e o seu nome estava na proposta de troca pelo líder da oposição Alexey Navalny, falecido em fevereiro de 2024.
Paul Beckett, editor assistente do Wall Street Journal, que liderou a campanha da publicação para garantir a libertação de Gershkovich, disse à VOA, no início deste ano, que a detenção do seu colega realça os perigos que os jornalistas de todo o mundo enfrentam.
“É certamente um lembrete para todos os nossos repórteres que estão em lugares perigosos de que o jornalismo é um negócio arriscado”, afirmou Beckett, para quem" um empreendimento nobre e valioso de que alguns governos do mundo não gostam muito”,
Refira-se que Alsu Kurmasheva é editora sediada em Praga no Serviço Tatar-Bashkir da estação parceira da Voz da América, a Radio Free Europe/Radio Liberty.
Com as cidadanias americana e russa, viajou para a Rússia em maio de 2023 para cuidar da mãe doente e foi detida.
Fórum