Os cinco cidadãos acusados de tentativa de sequestro do Presidente da República e do líder do Parlamento e de assassinato do primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe estão em prisão preventiva por decisão do juiz António Bonfim Gentil, tomada nos primeiros minutos desta quinta-feira, 9.
Os quatro advogados de defesa dos arguidos não falaram com os jornalistas sobre o conteúdo da acusação, mas os que representam os três cidadãos espanhóis lamentam que, apesar da decisão judicial, os guardas não permitiram que eles falassem com os seus constituintes.
Em nota divulgada na quarta-feira, 8, o Governo disse que os dois são-tomenses e três espanhóis "actuavam no país como mercenários" e que foram apanhados na residência do Presidente da República com"material bélico, facas de mato, granadas, binóculos e óculos de visão noturna e uniformes estrangeiros com distintivos nacionais".
Eles foram acusados de tentativa de alteração da ordem constitucional através de meios violentos.
O primeiro-ministro Patrice Trovoada afirmou que os alvos desses cidadãos eram os representantes dos órgãos do Estado e pediu o apoio da Interpol e dos governos de Portugal e Espanha para continuar a investigar o caso.
O MLSTP-PSD, na oposição, diz esperar um esclarecimento do caso e o PCD afirma esperar pela justiça.
Ambos dizem estar instalado um crime de instabilidade no país.
Analista fala em contornos políticos
O Conselho Superior da Defesa Nacional reuniu em sessão extraordinária e instou o Governo a prosseguir com as investigações a volta do caso.
O analista Liberato Moniz considera que este processo briga com a credibilidade e imagem do Estado são-tomense e, por isso, deve ser tratado com maior isenção pelos tribunais.
Para Moniz, o facto dessas acusações surgirem a escassos meses das eleições legislativas levanta maior suspeita sobre a sua credibilidade.
O pior, afirma o analista, "é quando os dois Jjuízes de instrução criminal do tribunal da primeira instância se declaram impedidos para apreciar o caso, sem ter qualquer grau de parentesco com os acusados, deixando o processo para um terceiro juiz".
Na opinião de Liberato Moniz, ao agirem desta forma "esses juízes atribuíram contornos políticos" a este caso de alegada tentativa de alteração da ordem constitucional.