Um grupo de ativistas sociais deu um “alerta vermelho” devido uma onda de assassinatos misteriosos de trabalhadoras do sexo, que já provocou 14 vítimas nos últimos 21 dias na Beira, e exigem investigação célere e justiça pelos crimes.
Em declarações à VOA um dos activistas exige “um basta” nos crimes enquanto as autoridades dizem ter detido 10 suspeitos.
A onda de assassinatos que se arrasta desde Outubro na Beira está a alarmar a cidade, disse à VOA a directora nacional e Pressão dos Direitos Humanos, sustentando que as vitimas são geralmente seduzidas por desconhecidos a deixarem a prostituição para empregos alegadamente mais bem remunerados, quando são atacadas com violência.
Catarina Artur disse que “em três semanas perderam a vida 14 pessoas, das quais 10 trabalhadoras de sexo”, considerando inadmissível a situação e criticou os serviços de patrulhamento da cidade.
“Nós estamos a viver momentos de pânico devido à insegurança na província de Sofala”, vincou Artur, quem reiterou apelos para o Governo e a Polícia fazerem o seu trabalho.
Outra activista social, Celina Tesoura, destaca que a violência contra as trabalhadoras do sexo está a ocorrer fora dos locais onde prestam serviços, sendo que muitas morrem depois de serem levadas por clientes que prometem dinheiro, mas não cumprem.
Marcha de repúdio
A sociedade civil na Beira organizou uma marcha de repúdio no sábado, 11, e inundou a cidade com mensagens contra a onda de assassinatos, que visam essencialmente mulheres, e pressionar as autoridades a defenderem, sobretudo, as trabalhadoras do sexo.
"Nós queremos justiça”, enfatizou Ermelinda Timba, do Zimbabwe, que pediu “socorro à Polícia e ao Governo” e insistiu que os parentes podem passar fome se a onda de assassinatos continuar.
“O que mais nos dói é que estão a matar mulheres, e nenhuma peça eles levam. Por exemplo, essa nossa conterrânea zimbabweana que morreu, nenhuma peça foi-lhe roubada, estão a matar por quê?”, questionou Timba.
Autoridades mostram suspeitos detidos
Aquela trabalhadora do sexo, como várias outras que participaram da marcha, reforçou a necessidade da sua protecção, por a maioria dos seus parentes depender do trabalho para pagar despesas de saúde e educação.
Outra trabalhadora do sexo disse que algumas vítimas deixaram filhos menores, considerando por isso os homicídios um ataque grave aos direitos humanos contra esse segmento da sociedade.
Entretanto, o Serviço Nacional de Investigação Criminal moçambicano (Sernic) apresentou na Beira, pelo menos, 10 indivíduos, incluindo mulheres, suspeitos de pertencer à rede de assassinos.
Dércio Chacate, porta-voz da Polícia, garantiu que um trabalho conjunto está em curso para “parar” o fenómeno e responsabilizar os seus autores.
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