No Dia Internacional dos Direitos Humanos, activistas angolanos fazem leituras diferentes sobre a situação no país.
Há quem fale numa maior abertura, mas há quem aponte para retrocessos desde a posse de João Lourenço em 2017.
O jornalista e activista Rafael Marques congratula-se com o que considera de abertura ao exercício dos direitos humanos, ao afirmar haver “uma oportunidade extraordinária para os que os cidadãos possam efectivamente exercer os seus direitos de cidadania”.
Marques sublinha que “só com um exercício pleno da cidadania pode-se garantir que os direitos dos cidadãos sejam efectivamente respeitados” e realça que “importa agora que surjam mais organizações dos direitos humanos e indivíduos com ideias, como acontece em qualquer parte do mundo”.
Entretanto, posição contrária tem o também activista e padre Pio Wakussanga, que fala em retrocesso.
“Havia uma sensação de abertura, mas não por muito tempo, e há claros sinais de recuos”, afirma o padre Pio que cita, como exemplos, “o chumbo do PRA-JÁ, o adiamento das autarquias, a reacção armada contra os manifestantes, sem falar dos direitos económicos e sociais”.
A mesma opinião tem o coordenador da Associação SOS-Habita, André Augusto, quem denuncia o agravar da situação dos direitos humanos em Angola.
“Aumento da violência, vê-se a destruição de aldeias inteiras, estão a morrer muitas pessoas em manifestações coisas que nunca tinham acontecido”, assinala Augusto.
Na terça-feira, 8, a Amnistia Internacional e a organização não governamental OMUNGA divulgaram um comunicado no qual dizem que o que se testemunha em Angola é “um ataque frontal aos direitos humanos”.
Aquelas organizações de defesa dos direitos humanos acusaram as autoridades de terem intensificado a repressão aos dissidentes nos últimos meses, com recurso ao uso da força desproporcional e desnecessária, incluindo homicídios ilegais, para dispersar protestos e combater violações às normas do estado de emergência imposto para conter a propagação da Covid-19.