Os 23 manifestantes detidos em Benguela no passado sábado, 3, sob acusação de desobediência e desacato às autoridades foram libertados no final da terça-feira, 6, pelo Tribunal de Comarca por falta de provas.
Em consequência, um grupo de activistas cívicos promete processar o comandante municipal da Polícia Nacional de Angola (PNA), Filipe Cachota, suposto mandante das prisões, por crime de abuso de poder.
Os activistas garantem que as manifestações vão prosseguir, quer seja para protestar contra as mortes nos hospitais públicos, como foi o caso, quer seja contra o desemprego, penúria alimentar e o que chamam de má governação.
O processo-crime contra o superintendente-chefe, declarante no julgamento dos activistas absolvidos quatro dias depois da marcha, visa justamente evitar detenções nas próximas manifestações.
À VOA, o activista Gabriel Kundy, presidente da Organização dos Estudantes de Direito para a Cidadania, diz que é preciso acabar com o abuso de poder em Angola.
"Ganhou o Estado Democrático e de Direito, ficou provado em tribunal que as detenções foram ilegais, a mando do comandante, que tem rivalidade com os activistas de Benguela. Por isso mesmo vamos abrir um processo judicial contra ele, temos de acabar com o abuso de poder em Angola", afirma Kundy.
Contactado pela VOA, o porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional, Ernesto Chiwale, que explicou à imprensa os contornos das detenções do passado sábado, acha normal que os activistas ajam judicialmente e salienta que há tranquilidade na corporação.
Os manifestantes detidos encontram-se bem, sem problemas de saúde, após a greve de fome que fizeram na prisão.