O número de refugiados provenientes da República Democrática do Congo (RDC) em Angola aumentou para 16 mil, revelou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Desse total, quatro mil são crianças e muitas delas chegam aos campos de refugiados com febre, diarreia e malária.
Fontes da VOA indicam que nas últimas 48 horas sete crianças morreram nos campos de Mussungue e Kikanga.
A situação piora diariamente com a entrada de 300 a 400 refugiados que fogem aos conflitos na RDC.
“As condições dos campos de refugiados são extremamente pobres, as tendas não são suficientes para acomodar os refugiados e muitos ficam ao ar livre em época de chuvas. Não há instalações sanitárias e precisam de água, acomodação e alimentos”, disse à VOA nesta quarta-feira, 3, Markkus Aikomus, porta-voz do ACNUR para África, com sede em Pretória
O ACNUR pediu ao Governo que reinstale os refugiados a pelo menos 50 quilómetros da fronteira, onde acontece os conflitos e o Executivo de Angola está a fazer isso.
Aikomus garantiu que a agência da ONU “tem uma boa cooperação com o Governo de Angola, a nível nacional, mas também a nível local”.
O ACNUR, que enviou já dois aviões com bens e equipamentos para ajudar os refugiados na Lunda Norte, começou a distribuir comida e água para os próximos 15 dias, além de disponibilizar tendas aos refugiados.
“Estamos a ajudar o Governo angolano a registar aqueles que procuram asilo como forma também de identificar pessoas com necessidades específicas e, no terreno, trabalhamos com nossos parceiros, UNICEF e Médicos Sem Fronteiras, que basicamente garantem a assistência médica”, adiantou Markkus Aikomus.
Com o agudizar do conflito na RDC, particularmente em Kasai, o ACNUR está a pedir um montante no valor de 5,5 milhões de dólares para providenciar ajuda imediata a 57 mil refugiados na região, dos quais 25 mil da RDC, mas a situação pode piorar.
Markkus Aikomus alerta que “Angola deve preparar-se para receber entre 20 mil e 30 refugiados congoleses nos próximos tempos” porque há uma saída permanente de pessoas de Kasai.
O porta-voz do ACNUR para África lembra que o conflito em Kasai já provocou mais de um milhão de deslocados.