A consultora EXX Africa acusa o Presidente angolano de se aproveitar de uma premissa anti-corrupção em proveito próprio, face aos 38 anos no poder de José Eduardo dos Santos, num comunicado divulgado nesta Quinta-feira, 23, dia que assinala um ano das eleições de 2017.
"A elogiada posição anti-corrupção do Presidente Lourenço é mais indicativa de ataques concertados para desmantelar as influências do seu antecessor e consolidar um poder absoluto sobre as instituições políticas de Angola, do que de tentativas de reformas significativas", denuncia a consultora com sede em Londres, em que apresenta como exemplo o caso da Sonangol.
A "lua de mel" de João Lourenço "acabou", de acordo com a EXX Africa, para quem o “Governo tem sido relutante em perseguir reformas necessárias".
"João Lourenço não aproveitou os efeitos da lua-de-mel para fazer reformas que deviam ser feitas", disse à VOA o director-executivo daquela consultora de inteligência especializada em África.
Robert Besseling explica que o Presidente angolano limitou-se a colocar os seus homens nos lugares de confança, tendo recorrido a "pessoas, embora competentes, como no caso do sector petrolífero, envolvidas em casos de corrupção e próximas do antigo vice-presidente Manuel Vicente" também acusado de corrupção.
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"O aumento dos preços dos alimentos, frequentes greves e cortes no sector público estão a provocar protestos e aumentam o risco de tumultos nas cidades de Angola. Se o Governo do Presidente Lourenço não se comprometer em breve com uma ampla reforma do sector petrolífero e um gestão fiscal prudente, além de abraçar activamente as iniciativas de transparência, as perspectivas de investimento para Angola deverão deteriorar-se drasticamente à medida que os investidores perdem a fé na administração da economia por Lourenço", aponta a consultora.
Besseling conclui que o Presidente "apenas mudou jogadores e não o jogo" e, por isso, o futuro pode não ser o que se esperava.
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A EXX Africa destaca ainda a forte presença da China em Angola, particularmente na construção de insfraestruturas, o que, segundo o documento, vai aumentar ainda mais a dívida de Luanda em relação a Pequim.