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Abate de “quadros” de insurgentes não significa o fim da violência em Cabo Delgado, advertem analistas


Filipe Nyusi no Encerramento do Curso Militar em Montepuez, na Província de Cabo Delgado (arquivo)
Filipe Nyusi no Encerramento do Curso Militar em Montepuez, na Província de Cabo Delgado (arquivo)

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi disse este sábado, 30, que as Forças de Defesa e Segurança (FDS), terão abatido quadros superiores dos grupos armados que têm estado a atacar alguns distritos da província nortenha de Cabo Delgado, mas alguns analistas dizem que isso pode não significar o fim da violência naquela província.

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Nyusi falava na sede distrital de Mueda, após um encontro com diversas patentes militares e os ministros da Defesa Nacional e do Interior, Jaime Neto e Amade Miquidade, respectivamente.

"A moral das FDS no terreno está boa, e estas estão a responder aos ataques com bravura e firmeza. Apesar de ataques esporádicos em Mocímboa da Praia, Quissanga e ontem, 29, em Macomia, os resultados da ação das Forças de Defesa e Segurança são encorajadores", realçou o estadista moçambicano.

Para o ministro da Defesa Nacional, isso resulta do trabalho que está a ser feito no seio das forças armadas, "no sentido de capacitá-las para defender as populações e bens públicos, principalmente na província de Cabo Delgado".

Entretanto, este domingo, 31, Televisão de Moçambique (TVM), citando fontes militares e o próprio ministro da Defesa Nacional, noticiou que na sequência do ataque a Macomia, na quinta e sexta-feira, foram mortos 78 insurgentes, dois dos quais líderes do grupo, sendo um de nacionalidade tanzaniana.

“Isso é propaganda”

O analista Sande Carmona, quadro sénior do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), diz ser "inconcebível que hoje o Governo venha dizer isso, passados mais de dois anos da insurgência, em que todos os dias morrem cidadãos na província de cabo Delgado. Não faz sentido".

Para o diretor do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), Adriano Nuvunga, "isso é propaganda do Governo; sabes que nos estudos militares, a propaganda é uma parte importante, tanto é assim que nos últimos dois meses consumíamos a propaganda dos insurgentes, e agora estamos a consumir a propaganda oficial".

Por seu turno, o diretor da organização Observatório do Meio Rural, economista João Mosca, entende que as ações militares até podem enfraquecer a insurgência armada, "mas isso não significa, necessariamente, que o problema fica resolvido".

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