Se alguém tinha a esperança de que a última reunião de Março do Comité Permanente da UNITA fosse ajudar a resolver a crise que estalou a semana passada, enganou-se. A reunião teve lugar como previsto, mas o esperado frente a frente entre o Presidente Isaías Samakuva, e uma corrente com quem está em colisão, ficou mais uma vez adiado.
Jorge Valentim, Abel Chivukuvuku, e Lukamba Gato, os "barões" a que Valentim se referia a semana passada quando criticou abertamente Samakuva, faltaram à reunião desta segunda-feira, 28 de março. Abel Chivukuvuku está na África do Sul, onde ao que consta toma parte numa reunião de deputados do parlamento africano; Lukamba Gato evocou razões profissionais. Lukamba Gato estaria à mesma hora a participar numa reunião de entre empresários dos países de expressão portuguesa, e homens de negócios da China. Jorge Valentim também não tomou parte na reunião. Um familiar seu contactado pelo Voz da América confirmou que o ex-ministro do Turismo e Hotelaria estava em casa à hora da reunião, porém indisponível para falar à imprensa.
Marcada há mais de um mês a reunião deveria entre outras coisas passar em revista as alegações feitas por Jorge Valentim, e corroboradas por Abel Chivukuvuku segundo as quais estariam a ser ostracizados pela direcção do seu partido.
Falando à Rádio Nacional de Angola, Jorge Valentim questionou as razões porque ainda não tomou posse como deputado. Acusou Samakuva de estar a marginalizar os "barões" do partido, sobretudo na tomada de grandes decisões.
Dois dias depois, Abel Chivukuvuku corroborava das declarações de Jorge Valentim afirmando também ele que não era tido nem achado na tomada de grandes decisões. Falando igualmente à Radio Nacional de Angola, Abel Chivukuvuku disse que as declarações de Jorge Valentim deveriam ser levadas em conta porque era uma figura do partido que merece consideração; "é um líder!".
Fonte familiar a este dossier disse à Voz da América que a crise entre os dois teve origem no facto de Abel Chivukuvuku ter usado a sua condição de secretário para os Assuntos Constitucionais e Eleitorais para fazer um levantamento junto das bases sobre uma eventual candidatura sua à presidência da República. Abel Chivukuvuku recusou repetidas vezes esta insinuação.
A verdade é que à medida que o tempo foi passando os dois foram-se distanciado.
Fontes da UNITA disse que perante as ausências de Gato, Abel e de Valentim na reunião desta segunda-feira adiará o esclarecimento da situação.
Notam que a UNITA passou por situação similar em Dezembro. Correntes que têm a liderança de Samakuva como sendo desgarrada defendiam discretamente a realização de um congresso extraordinário. O problema terá sido resolvido na reunião do Comité Permanente, realizada em Janeiro passado. Nessa reunião não teria havido nenhuma contestação a Isaías Samakuva. As fontes da Voz da América notam que de Dezembro para cá as coisas mudaram substancialmente.
Abel Chivukuvuku que foi director de campanha de Isaías Samakuva, na eleição à presidência da UNITA em que este teve como adversário Lukamba Gato deixou de ser secretário para os Assuntos Constitucionais e Eleitorais. Porém nada terá sido mais expressivo do que as declarações que fez na última semana. Fonte da UNITA admite que elas tenham esfriado ainda mais as relações entre estas duas figuras.
Entretanto nesta segunda-feira eram dadas como eminentes as demissões de Carlos Morgado e de Carlos Candanda, secretários para Saúde e para os Negócios Estrangeiros, respectivamente. A reunião do Comité Permanente da UNITA, órgão composto por 45 pessoas deveria analisar a preparação das eleições.