Todos os anos desde 1999, a Coreia do Sul tem fornecido o seu empobrecido rival com 300 mil toneladas de fertilizantes. Mas este ano, a Coreia do Norte pediu 500 mil toneladas.
Analistas afirmam que o pedido e o ultimo sinal de que o Norte esta ainda sem capacidade para produzir alimentos suficientes e que a sua dependência dos doadores esta a aumentar numa altura em que mostra poucos sinais de resolver grandes diferenças com o mundo exterior. Durante uma década, a Coreia do Norte tem tido necessidade da ajuda estrangeira para alimentar a sua população, enquanto desastres naturais e anos de ma gestão económica tem corroído a produção de cereais.
Funcionários sul-coreanos disseram que vão considerar o pedido, mas apenas depois da Coreia do Norte regressar as conversações entre seis países destinadas a por fim ao programa nuclear de Pyongyang.
Num outro sinal de falta de alimentos, o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) disse que a Coreia do Norte reduziu recentemente as rações diárias alimentares para 250 gramas de arroz ou de cereais por pessoa. Brenda Barton, uma porta-voz na sede do PAM em Roma, afirma que isso e insuficiente.
“Isso constitui metade do que as pessoas precisam para sobreviver numa base diária”
Barton afirmou que a PAM tenciona suplementar essas rações para seis milhões e meio de norte-coreanos, mais de um quarto da população do pais. Nesse sentido, apelou no mês passado por 500 mil toneladas de ajuda. Mas muitas pessoas ainda ficarão com fome.
“Nos não alimentamos todas as pessoas do pais e portanto haverá pessoas que vão receber 50 gramas menos do que normalmente tem direito. E para eles, os tempos vão ser realmente duros.”
Grupos humanitários disseram que a maior dificuldade que enfrentam e garantir que as ajudas alimentares cheguem aos civis mais necessitados em vez de serem desviadas para as forças armadas ou a elite dirigente da Coreia do Norte.
O PAM afirmou ficar satisfeito se a maior parte dessa ajuda alimentar chegar ate aqueles a quem ela é destinada – crianças, mulheres grávidas e os velhos.
Mas Gerry Bourke, porta-voz do PAM em Pequim, afirma que Pyongyang reduziu o numero de vezes que os monitores do PAM podem visitar a Coreia do Norte para garantir que a ajuda seja encaminhada apenas para aqueles que mais a necessitam.
“Uma das preocupações reside no nível de monitorização e a sua frequência– e o numero de pessoal internacional envolvido nessas actividades.”
Aquela agencia da ONU tem uma política de “sem acesso, não há alimentos” e funcionários do PAM disseram terem sido forçados a parar a distribuição de alimentos em áreas que não podem visitar. Há provas de que aquele a quem a agencia não pode agora ter acesso, estão a sofrer.
O activista cristão Tim Peters dirige uma organização de caridade em Seul que envia ajuda alimentar para os norte-coreanos. Revelou que refugiados norte-coreanos na China lhe disseram que no ano passado as faltas de alimentos pioraram.
“Os refugiados disseram-nos que na maior parte do pais não viram ajuda alimentar nos últimos quatro ou cinco anos.”
As tentativas de Pyongyang de corrigir a situação parece não terem resultado. A Coreia do Norte introduziu reformas de mercado limitadas e acabou com o controlo dos preços nos anos recentes, numa tentativa para aumentar a produção alimentar, após anos de condições quase de fome. Mas a maior parte das pessoas não tem capacidade para pagar preços mais altos.
A crise alimentar foi exacerbada quando o Japão – um grande doador – suspendeu a maior parte do envio de alimentos em Dezembro. O Japão actuou em resposta ao que considera o falhanço da Coreia do Norte em revelar completamente o destino de japoneses que Pyongyang admitiu ter raptado nos anos 70 e 80.
Tóquio, que ameaçou sanções económicas mais vastas devido ao assunto dos raptos, quer também que a Coreia do Norte volte rapidamente as conversações nucleares com a China, Japão, Rússia, Coreia do Sul e Estados Unidos.
O Japão, os Estados Unidos e outros países afirmaram estar prontos a fornecer ajuda a Coreia do Norte logo que haja um fim verificável do seu programa de armas nucleares.
Entretanto, Brenda Barton, do Programa Alimentar Mundial, disse que civis norte-coreanos irão continuar a sofrer.
“A situação diária para a população é ainda muito ténue. As pessoas muitas vezes não sabem quando será a próxima vez em que irão comer.”
Pyongyang pediu a comunidade internacional há mais de uma década para ajudar a alimentar a sua população, depois de uma crise de fome que se julga ter morto mais de um milhão de norte-coreanos. Peritos regionais afirmam que a economia do pais é tão fraca que já não pode mais produzir sustento básico para a população e que a necessidade de ajuda externa irá continuar por muitos anos.