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Costa Junior :“Não existe mais o estigma dos grupos”  - 2004-12-31


Interrogado há pouco mais de uma semana pela Voz da América sobre se seria ele um candidato ao posto de segundo vice-presidente do parlamento, vago desde que Almerindo Jaka Jamba foi nomeado embaixador de Angola na UNESCO, Jorge Valentim remeteu a pergunta para a direcção da UNITA. Disse na altura que o mais prudente seria ouvir a liderança do seu partido.

“ O senhor tem que ouvir o Presidente Samakuva em vez de estar eu sempre a falar de mim próprio. Acho que pelo peso da história, o partido saberá tirar proveito de mim como quiser. Eu agora sei o que o partido me garantiu, pelo que gostaria que também desse oportunidade ao Presidente Samakuva, ao vice-presidente Ernesto Mulato, ou ao secretário-geral Mário Vatuva, camaradas com quem viemos e marchamos juntos da "macoca", da macroeira, até aqui “.

Ora bem ... Jorge Valentim tem o peso que tem, sabe o que a direcção lhe garantiu, e disso não fala. Logo está à vontade. A direcção, por sua vez sabe o que garantiu a Jorge Valentim, e nisso também não toca. Por conseguinte também está à vontade. Sublinha entretanto, que quem quer que venha ser a figura indicada para a segunda vice-presidência, terá que passar pelo crivo da bancada do seu partido. Jorge Valentim não é candidato, pelo menos por enquanto...se vier a mudar de ideias, vai ter que enfrentar uma bancada que nos anos de brasa se opôs ferozmente à direcção que emanou da criação da Renovada. São exercícios que segundo Adalberto da Costa Júnior contemplam princípios e equilíbrios.

“ Existe uma vaga para a segunda vice-presidência do parlamento, mas esta nenhum nome pode ser indicado sem que a bancada parlamentar vote uma moção de confiança. É exactamente este elemento que nos impede de dizer que o segundo vice-presidente é a pessoa A, ou B. O segundo vice-presidente será a pessoa em que a bancada, seguramente também por uma indicação da direcção manifestar confiança."

Está visto que este exercício imporá alguns concertações mas Adalberto Costa Júnior sugere que a direcção não vai abdicar das suas responsabilidades.

“ Nós temos uma direcção política, e ela existe não só porque é absolutamente necessária, mas também porque tem a confiança do partido. Logo, ela exerce a sua condição de liderança. A Comissão Política de há um ano atrás deu ao Presidente do partido a possibilidade de dar indicação para as mexidas que se deveriam fazer quer no âmbito do GURN, quer no âmbito do Parlamento. Esta é uma competência legitimada pela Comissão Política. Haverá alguns acertos no parlamento. Vão tomar posse pessoas que fazendo parte dos primeiros lugares da lista eleita em 1992, nunca tinham estado no próprio parlamento. Quanto às lideranças, ou se quisermos funções de relevância como a segunda vice-presidência, estas carecem de pronunciamento da bancada. E sendo nós legalistas, vamos fazer tudo conforme a lei obriga “.

Mais pacífico será, seguramente o caso de Lukamba Gato .. Diz Adalberto da Costa Júnior que Lukamba Gato não vai para o parlamento para já, porque embora o convite já lhe tivesse sido feito ele decidiu que só o fará mediante um único cenário. Que ninguém seja "sacrificado"..

"Penso que tem conhecimento que logo a seguir ao Congresso a direcção do partido dirigiu um convite a Lukamba Gato para exercer funções de relevância no parlamento. Na altura ele entendeu que se devia dedicar ao desenvolvimento de negócios, posição que deve ser respeitada. Mais recentemente assumiu publicamente a sua disponibilidade para tomar posse, conquanto a sua entrada fosse para substituir alguém que esteja a sair voluntariamente e nunca para tirar alguém que não esteja na disposição de sair. Resumindo, o convite já lhe foi feito".

Adalberto da Costa Júnior acrescenta que estas questões não são motivo de clivagens. Diz também que a aludida crispação entre grupos, da mata, da missão exterior, de Luanda, etc., etc., é coisa enterrada.

“Na última reunião da Comissão Política, o Presidente do partido fez um exercício político muito relevante, analisando com muita profundidade as matérias ligadas a esta questão. Foi um acto de grande disponibilidade por parte do Presidente. Estou cem por cento seguro que não existem estigmas de grupos, estou também seguro que qualquer pessoa pode sempre que entender agarrar um outro elemento, até porque estamos no domínio da acção política. Mas acredito que hoje temos um partido numa realidade una, sem que isso queira dizer que haja uma rigorosa coincidência no âmbito do debate. Temos um debate contraditório e nós aceitamos isso".

O debate contraditório revelado por Adalberto da Costa Júnior não foi fonte de rixas entre os que estavam no GURN e a direcção do partido. Não foi porque, segundo ADC, em devido tempo o próprio partido fez um apelo aos membros do GURN para que respeitassem o programa do governo.

Os problemas resultantes da rotação de quadros, são parte da transição porque passa Angola, e que no caso da UNITA têm a ver com a reunificação do partido, desmobilização e reintegração social ... enfim desafios que correm o seu curso “.

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