Elementos da Organização Mundial de Saúde (OMS) disseram que, desde então, o numero de casos confirmados de paralisia infantil no Sudão subiu para 54. Porque a paralisia dos membros inferiores ocorre em apenas um em 200 casos, peritos de saúde dizem haver uma grande probabilidade de que mais de 10 mil sudaneses foram infectados com o vírus
Particularmente preocupante para os trabalhadores da saúde e o potencial do vírus se espalhar nos campos de refugiados na parte ocidental do Sudão e no vizinho Chade onde perto de dois milhões procuraram refugio na sequência das atrocidades cometidas por milícias árabes pro-governamentais destinadas a esmagar uma insurreição rebelde.
Na maior parte de Darfur, ataques de milícias árabes e de combatentes rebeldes forcaram agencias da ONU e grupos de ajuda nao-governamentais a evacuarem os seus trabalhadores e a suspender a distribuição de alimentos e medicamentos para centenas de milhar de pessoas que ficaram sem abrigo devido ao conflito.
Bruce Aylward, chefe da iniciativa da erradicação global da pólio da OMS, explicou porque eh que o surgimento de casos de pólio no Sudão esta a causar ondas de choque na comunidade internacional de saúde.
“Existem três factores que tornam a situação no Sudão particularmente alarmante. O primeiro de todos eh o facto do Sudão ser o maior pais de África em termos de território e fazer fronteira com nove países. Por isso ah fronteiras porosas com nove países através das quais o vírus da pólio pode agora se espalhar. O segundo factor e a situação interna no pais onde existe guerra civil ou distúrbios em duas grandes áreas do pais que realmente podem permitir a continua propagação do vírus no pais. E finalmente sendo o Sudão um pais árabe e africano de muitas maneiras conseguiu importantes ligações internacionais que podem levar a uma disseminação do vírus da pólio e mesmo reinfeccao do Médio Oriente.”
Trabalhadores sanitários eliminaram o vírus da pólio nas Americas, Europa e a maior parte da Ásia. Mas em África, que tem 90 por cento dos casos de pólio a nível mundial, conflitos armadas e persistente desconfiança de vacinas ocidentais continuam a prejudicar os esforços de imunizar cerca de 74 milhões de crianças mais vulneráveis ao vírus.
Em Hara al-Zawiyah, uma equipa da UNICEF, levou apenas algumas horas para por duas gotas da vacina nas línguas de centenas de crianças da aldeia. Cerca de 2400 trabalhadores sanitários tem percorrido Darfur para administrar a vacina oral a cerca de dois milhões de crianças dos 0 aos 5 anos de idade,
Trata-se de um feito notável, especialmente nessa área de Darfur, bastião das milícias árabes conhecidas por Janjaweed, acusadas de levar a cabo uma campanha de assassínios, violações e pilhagens que causou a morte a cerca de 70 mil pessoas.
Para alem dos problemas no Sudão, a campanha para erradicar a pólio enfrenta uma nova dificuldade: um buraco de 200 milhões de dólares no orçamento já que alguns países ainda não enviaram os fundos prometidos para o programa. A falta de dinheiro levou alguns funcionários da ONU a considerar o adiamento ou redução dos programas de imunização na África e Ásia.