Os partidos políticos são as instituições mais afligidas pela corrupção. Esta é pelo menos a conclusão de um inquérito hoje tornado publico pela Organização Transparência Internacional, um grupo que se dedica ao combate da corrupção no mundo e que tem a sua sede em Berlim, na Alemanha.
Em 36 dos 62 países abrangidos pelo inquérito realizado a nível mundial, os partidos políticos foram identificados como a estrutura mais afectada pelo vírus da corrupção e consequentemente a corrupção política como um problema de forma alguma exclusivo dos países em vias de desenvolvimento.
De acordo com Jeff Lovitt, director de comunicação do secretariado da Transparência Internacional em Berlim, o barómetro da corrupção global de 2004 mostra que a maior parte dos inquiridos no mundo acham que o fenómeno da corrupção tem implicações directas nas suas vidas e negócios.
“Isto mostra que existe uma grande desconfiança para com as pessoas que estão no poder e os partidos políticos e o facto de a seguir vir o parlamento, as instituições judiciais e a policia prova a ausência de uma relação de confiança entre as pessoas e os responsáveis políticos, em quem supostamente deveriam confiar” - palavras de Jeff Lovitt.
O inquérito do grupo Transparência Internacional foi ontem tornado publico coincidindo com o dia internacional da luta anti corrupção.
A organização aproveitou a data para pressionar os governos a ratificarem a convenção das Nações Unidas contra a corrupção, assinado em Dezembro do ano passado mas que tem estado a aguardar que um grupo de mais de 30 outros países, incluindo os Estados Unidos da América, a ratifique, para que a sua implementação seja efectiva. Apenas 12 estados ratificaram ate então, o documento Jeff Lovitt da Transparência Internacional defende que uma convenção do género tornou-se necessária para evitar que os políticos e os funcionários públicos abusem dos seus poderes e imunidade perante eventuais acções judiciais.
Lovitt cita alguns exemplos, nomeadamente os casos do ex presidente peruano, Alberto Fujimori que embora fazendo face a acusações de corrupção e de assassinato no Peru, se encontra exilado no Japão e do caso do presidente argentino Carlos Menem, que procurado pela justiça argentina por acusações de corrupção, refugiou-se no Chile.
O inquérito estabelece ainda uma distinção entre a chamada grande corrupção, a praticada ao mais alto nível da sociedade e a corrupção miúda, por exemplo a dos pequenos subornos por violação do trafico automóvel .
Numa perspectiva futura, 45 por cento dos inquiridos prevêem um aumento dos níveis de corrupção no mundo nos próximos cinco anos, comparado com os 17 por cento que acreditam na sua eventual redução.