A TOTAL poderá estar a sentir pela primeira vez os efeitos do contencioso entre as autoridades angolanas e francesas. A SONANGOL notificou recentemente a companhia petrolífera francesa de que não veria renovado o contrato de exploração do Bloco 3, onde é empreiteira.
Em exploração desde 1980, o bloco 3 compreende os campos de Palanca, Pacassa, Búfalo e Impala. A TOTAL partilhava os benefícios da exploração deste bloco juntamente com a SONANGOL, AJOCO, AGIP, NAFTGAZ E NAFTALPINA.
A nota da SONANGOL solicitava a TOTAL que fizesse a transferência dos fundos de operação alocados ao bloco 3.
A decisão tomada pela SONANGOL parece vir na esteira de promessas de Luanda de responder com uma retaliação ao processo instruído em França contra o empresário francês Pierre Falcone, intermediário na compra de armas para Angola. Consultas entre as duas partes que se arrastam há mais de 2 anos produziram poucos efeitos, tendo Luanda congelado a acreditação do embaixador francês em Angola.
A França no que pareceu ser uma cedência, permitiu a saída de Falcone para o estrangeiro, mas Luanda que acabou por dar provimento ao pedido de acreditação do embaixador francês preferia ver o assunto definitivamente resolvido, o que não consegue até agora.
Aparentemente Paris mostra alguma dificuldade em resolver o assunto na medida em que no ponto a que chegou, o desfecho do caso depende mais da justiça, do que o do executivo. Luanda pelos vistos não conforma.
A nota da SONANGOL dizia que a medida não afectava os blocos 3- 85 e 3-91, que compreende os campos Cóco e Pambi, e Oombo, respectivamente. O bloco 3, ora vedado aos franceses rende perto de 150 mil barris por dia.