A Serra Leoa inicia o período de recuperação de dez anos de uma brutal guerra civil, indo realizar, amanhã sábado, as primeiras eleições locais em mais de trinta anos.
Circulando numa viatura aberta numa zona pobre da capital, o candidato independente Ayo Ganu, faz campanha sob a palavra de ordem ”Salvem os destituídos”
“Não desejo estar limitado pelas políticas partidárias, tendo decidido apresentar-me como independente para satisfazer a minha comunidade. Isto é muito importante por após 32 anos é a oportunidade para as populações poderem ter voz na suas comunidades”.
Numa outra zona de Freetown, uma carrinha avariada está a ser empurrada por apoiantes de um outro candidato independente , enquanto o altifalante transmite a mensagem eleitoral.
O estudante Kurusa precisa que vai votar num candidato independente
“Gosto muito dos candidatos independentes, por que são autónomos e não dependem das instituições governamentais”.
O Partido do Povo da Serra Leoa, no poder, espera obter bons resultados no seu reduto do sudoeste, enquanto a principal formação política da oposição, o partido do Congresso tem forte implantação nas zonas do norte.
Os analistas indicam que os candidatos independentes, ou seja cerca de um terço do total, podem obter bons resultados no sufrágio.
As populações, sustentam os especialistas, chegaram à conclusão que o principal problema do país reside nos dois principais partidos e nas pessoas que se apoderaram do sistema, a elite política, a geração mais velha.
A maioria dos jovens sente-se abandonada e o elevado numero de candidatos independentes constitui um sinal de revolta contra os actuais partidos políticos ou as estruturas existentes.
Circulam informações de que alguns candidatos independentes tem sido intimidados ou perseguidos por elementos do partido no poder, ou chefes locais.
Os observadores e a comissão eleitoral referem irem, durante o sufrágio, fiscalizar as secções de voto no sentido de assegurar um sufrágio livre e honesto.
Encontram-se registados mais de dois milhões e duzentos mil serra leoneses para os sufrágios regionais e de conselheiros de 19 distritos.
A missão de capacetes azuis da ONU, na Serra Leoa, colabora na assistência logística, usando os seus helicópteros para o transporte dos boletins de voto e das urnas, enquanto a União Europeia suporta um terço dos oito milhões de dólares do custo do sufrágio.