Instalou-se a guerra de palavras entre o MPLA e a oposição. Depois de ter abandonado em bloco a Comissão Constitucional, seguindo-se uma forte reacção do partido no poder, a oposição convocou hoje a imprensa para rebater os argumentos do “partido dos camaradas”.
Desta conferência de imprensa ficou claro que o braço de ferro entre o MPLA e a oposição vai manter-se até que o Presidente da República defina a data das próximas eleições legislativas e presidenciais. Contrariando as mais recentes declarações do líder parlamentar do MPLA, Bornito de Sousa, em que considerava a atitude assumida pela oposição como um acto de desrespeito aos eleitores, o chefe do grupo parlamentar da UNITA, Jerónimo Wanga afirmou que o desrespeito ao eleitorado tem partido do MPLA e do Presidente da República.
“Falta de respeito é ainda o facto do senhor Presidente da República usar palcos estrangeiros para dar possíveis datas das eleicões”- enfatizou Jerónimo Wanga. Mais contundente, foi o líder do PDP-ANA, Mfulumpinga Landu Víctor que acusou o Presidente José Eduardo dos Santos de ter uma linguagem dúbia. O líder do PDP-ANA lembrou que em Dezembro do ano passado, altura em que o Conselho da República devia reunir, o Presidente José Eduardo do Santos enviou uma carta a cada membro do referido órgão, em que considerava desnecessário convocar o Conselho da República para discutir a questão das eleições, já que vários partidos políticos e sectores da sociedade civil defendiam a sua realização no segundo semestre de 2005.
“Ele frisou taxativamente na carta, que as eleições deverão ter lugar no segundo semestre de 2005. Dai que nós, oposição, questionamos sobre quem de facto está a desrespeitar o povo angolano. Somos nós oposição, ou a magistratura suprema”?
Para o líder parlamentar do PRS, Bernardo Tito, o argumento de que a marcação da data das eleições deve ser precedida da aprovação de uma nova Constituição é falso, sustentando que a futura Carta Magna de Angola apenas entrará em vigor depois das eleições.