A Guarda Republicana Marfinense tocava as suas cornetas na manhã de segunda-feira enquanto os soldados da África Ocidental recebiam os seus capacetes azuis das Nações Unidas.
Mil e 300 soldados oeste africanos, que serviam até agora como parte da força regional, tornam-se agora membros da força das Nações Unidas, que nos próximos meses atingirá mais de seis mil soldados.
A força incluirá soldados de Marrocos, Bangladesh e Ucrânia. O comandante da força -- conhecida pela sigla francesa ONUCI -- é o general senegalês Abdoulaye Fall.
O representante especial da ONU Albert Tevoedjre disse que este deveria ser um dia de alegria e esperança para os marfinenses.
Tevoedjre advertiu que o genocídio no Ruanda, há 10 anos, deverá ficar na memória das pessoas, bem como a guerra civil que grassou na Libéria durante 14 anos, segundo o representante especial da ONu este tipo de banho de sangue terá que ser evitado.
Tevoedjre que leu uma declaração do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, apelou aos partidos da oposição e aos rebeldes para voltarem ao governo de partilha de poder.
Da mesma forma apelou ao presidente Laurent Gbagbo para cooperar com uma investigação da ONU à violência que se registou após a abortada marcha da oposição, no mês passado. Os líderes da oposição e grupos dos direitos humanos afirmam que centenas de pessoas foram mortas numa operação das forças de segurança e das milícias próximas de Gbagbo.
O primeiro-ministro do governo de reconciliação, Seydou Diarra, disse esperar que a força da ONU possa cumprir o seu mandato de preparar eleições livres e justas em 2005.
A força da ONU também deverá ajudar os 4 mil soldados franceses, já no terreno, a garantir o cessar-fogo bem como a garantir a segurança por todo o país. O maior desafio da força será desarmar os antigos combatentes.
O porta-voz Sidiki Konate diz que os rebeldes sediados no Norte, Novas Forças, estão prontos a desarmar conquanto as milícias e os recrutas do novo exército faça o mesmo.
“Todas as forças terão que desarmar. Esta é a missão das Nações Unidas desarmar todas as forças, e nós não estamos contra isso”.
Os rebeldes e a oposição apelam, também, à total implementação do acordo de partilha de poder, assinado em Janeiro de 2003, em França, bem como o direito de levar a cabo protestos pacíficos.
A Costa do Marfim tem estado dividido em dois desde a insurreição em Setembro de 2002, por parte de oficiais do norte do país, que se queixavam de discriminação económica e política contra os do norte.