O ciclone Gafilo deverá ter sido umas das mais poderosas tempestades tropicais ocorridas no sudoeste do Oceano Indico nos últimos 50 anos. Atingiu duas vezes Madagáscar, causando uma enorme devastação em duas partes separadas da ilha, matando dezenas de pessoas e deixando dezenas de milhar de outras sem casas.
A tempestade atingiu primeiro o nordeste de Madagáscar e depois atravessou o canal de Moçambique, onde ganhou força antes de voltar para trás e bater na costa sudoeste da grande ilha.
O porta-voz de o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM), Michael Huggins, acabou de visitar a cidade de Antalaha, que foi fustigada pelo ciclone quando este atingiu a ilha pela primeira vez.
“A sul de Antalaha, há áreas que estão completamente isoladas do mundo exterior. São ilhas rodeadas por um mar de lama. Muita da área está totalmente destruída. E difícil encontrar uma casa ou uma cabana que não tenha sido danificada. Catorze pessoas morreram na área primeiramente atingida pelo ciclone e o governo malgaxe afirma que mais de 100 pessoas foram afectadas pela tempestade tropical.”
Há ainda muito pouca informação sobre a situação no sudoeste da ilha. Agencias humanitárias lutam para encontrar pessoas que estão isoladas em partes remotas da ilha, o que eh difícil mesmo nas melhores circunstancias. Para alem da necessidade imediata de alimentos e abrigos, existem também preocupações sobre possíveis erupções de doenças levadas pelas águas em zonas de desastre.
Mas o porta-voz do PAM disse que a ajuda está gradualmente a chegar, precisando que o exercito francês juntamente com a Cruz Vermelha e a Care estão a distribuir alimentos por helicópteros e barcos. O PAM forneceu cerca de 260 toneladas de alimentos para a área devastada, destinada para aquelas pessoas que estiveram sem comer durante vários dias.
O porta-voz do PAM acrescentou haver graves preocupações de natureza sanitária, de erupções de cólera e de disenteria e que, nesse sentido, o exercito francês e a Cruz Vermelha estão a preparar o mais rapidamente possível sistemas de purificação de agua capazes de fornecer agua potável diariamente a 10 mil pessoas.
O numero total de mortos não inclui ate este momento mais de 110 pessoas a bordo de um “ferry-boat” que desapareceu na costa noroeste durante a tempestade e que se crê que tenha afundado. Apenas duas pessoas terão sobrevivido ao naufrágio e disseram ter visto o navio afundar-se.
Mas alguns funcionários malgaxes estão relutantes em desistir da busca por sobreviventes, pelo que os passageiros do “ferry-boat” estão ainda oficialmente dados como desaparecidos e não mortos. O navio navegava de Madagascar para as vizinhas ilhas Comores, onde o governo local declarou já luto oficial pelas vitimas.