Oficialmente fala-se em 12 mortos e um número ainda indeterminado de feridos na sequência da chuva que caiu ao longo da madrugada desta segunda-feira. Os números tenderão a crescer quando se avançar para áreas de maior concentração populacional e de maior risco, ou seja nas zonas baixas onde a construção é precária e as vias de drenagem são inexistentes.
As mortes foram sobretudo causadas por desabamentos de paredes de fracas estruturas ou deslizamentos e afectaram sobretudo famílias residentes em áreas de maior exposição aos riscos.
Os bombeiros e as administrações municipais locais continuavam a receber chamadas para intervir. Os bairros mais afectados foram o Rangel, Marçal, a Maianga, o Kilamba Kixi e a Samba segundo as autoridades de Luanda.
Além das perdas humanas registadas são enormes os prejuízos materiais contabilizados. Nalgumas circunscrições como a do Sambizanga - que é a mais populosa da capital - estabelecimentos comerciais e bancos foram tomados pelas águas e não abriram ao público durante o dia.
Os serviços de meteorologia já previam a queda das chuvas, o que não tinha acontecido com tanta intensidade em Luanda se comparado com outras regiões do país onde o tempo chuvoso se prolonga por 7 meses.
Luanda é anualmente submetida à prova. Nesta altura os discursos repetem-se com desculpas que já se secularizam: "a nossa capital não está preparada para as chuvas".
Ironicamente a chuva é por cá vista como o mais ajustado fiscalizador das obras públicas. Pelo seu investimento bilionário as chuvas, mais do que os fiscalizadores formais servem de teste mais apreciado da resistência das construções das vias de drenagem, neste momento dispersas um pouco por todo território da cidade.
O nosso repórter Alexandre Neto foi até ao Cazenga, ouvir os populares do bairro, numa altura em que a previsão é de mais chuvas nas próximas horas.