A ONU anunciou que médicos ganeses estão a abandonar o seu país a um ritmo alarmante, mas alguns elementos da comunidade estão em crer que esse facto poderá beneficiar o Gana.
A Organização para a Migração Internacional da ONU refere que jovens ganeses com educação superior estão a abandonar o país em busca de empregos mais bem pagos na Europa, nos EUA e no Canadá.
O porta-voz daqueles serviços da ONU, Jean-Philippe Chauzy afirma ter informações que mostram que a emigração é particularmente pronunciada entre pessoal médico qualificado:"O relatório refere que 56 por cento dos médicos e 24 por cento dos enfermeiros treinados no Gana estão agora a trabalhar no estrangeiro".
Chauzy afirma que a chamada "fuga de cérebros" tenha aumentado desde os anos 90, à medida em que ganeses com cursos superiores foram sendo capazes de encontrar empregos condignos no estrangeiro.
O dr. Sodzi-Tettey é o bastonário da Ordem dos Médicos do Gana. Diz ele:"Do ponto de vista da profissão médica, com o advento de certas intervenções, há indicações de que o fenómeno sofreu um abrandamento. Mas, diria que continua a constituir um desafio."
De acordo com as previsões da ONU no que toca ao crescimento populacional, espera-se que o Gana avenha a ter uma população de cerca de 32 milhões de pessoas no ano de 2005. De forma a atingir o estatuto e nação de classe média terá necessidade de ter um ratio de um médico por cada duas mil pessoas, o que significa que terá que ter cerca de 16 mil médicos nos próximos 15 anos. O dr. Sodzi admite que irá ser difícil atingir aquela meta:"Actualmente, temos um pouco mais de dois mil médicos. Isso mostra-lhe a falha que tem que ser preenchida e, depois, necessitamos do dobro de enfermeiros."
Mas, o dr. Sodzi afirma que a procura de pessoal médico ganês, tanto no país como fora da África Ocidental, é uma oportunidade para o país, à semelhança de Cuba que formou uma geração de médicos e de enfermeiros que trabalhou em todo o mundo."
Médicos ganeses a trabalhar no Canadá ganham, por exemplo, ganham 25 vezes mais do que se estivessem no Gana. E isto está a ter um impacto positivo nas remessas de divisas por parte dos emigrantes. O Banco do Gana calcula que aquelas remessas eram, em 1999, inferiores a 500 milhões de dólares, atingem agora os dois mil milhões de dólares.
Franklin Cudjoe, é o líder de um "think-tank" ganês: "O fenómeno de "fuga de cérebros" é uma questão complexa porque, ao fim e ao cabo, se está perante um enriquecimento de cérebros e estamos a assistir a mudanças em termos de benefícios adquiridos. Estamos a ver algum pessoal médico ganês regressar. E, portanto, há aí enormes ganhos, para além do aspecto monetário."
Ainda segundo este analista, o Gana deveria encorajar o seu pessoal médico a trabalhar no estrangeiro a voltar por curtos períodos de tempo para treinar colegas e ajudar a preencher a falta de instrutores para as próximas gerações de médicos e de enfermeiros.