A Guiné Conackry assinalou o primeiro aniversário da tomada de posse do governo militar que, tal como afirmam as Nações Unidas, terá cometido crimes contra a Humanidade. Por outro lado, a situação e calma em Conackry, onde todas as manifestações de rua foram proibidas.
Poucas horas depois da morte do Presidente Lansana Conté ,há um ano, os militares guineenses emitiram ordens imediatas para a suspensão da Constituicao. Proclamou, na altura,ao assumir o poder, o capitão do Exército, Moussa Dadis Camará, disse que "pedia a Deus para o afastar da injustiça, da corrupção , da impunidade e do tribalismo por forma a evitar uma violência sangrenta". Dadis Camará, de 44 anos de idade, que tinha sido chefe dos serviços de abastecimento de combustível das forças armadas guineenses, prometeu então que os militares iriam, desde logo, "proteger o país de uma Constituição que não funciona".
Prometendo lutar contra a corrupção não candidatar-se nas próximas eleições capitão Camará granjeara muita popularidade inicial.
Mas, uma vaga de banditismo desencadeada pelos militares em e a decisão da Junta Militar para assumira cargos políticos, intensificaram cada vez mais a oposição ao governo militar.
Milhares de pessoas foram para as ruas em manifestações, no passado dia 28 de Setembro, contra a esperada candidatura presidencial do capitão Camará, manifestações durante as quais morreram 157 pessoas, quando os soldados abriram fogo contra a multidão, tendo sido violadas e sexualmente atacadas, várias mulheres, cerca de 100 mulheres.
Um inquérito das Nações Unidas concluiu que aquela violência constituía um crime contra a Humanidade, atribuindo a responsabilidade pela mesma directamente ao governo militar e ao capitão Camará, enquanto, por sua vez, Camará e a Junta atirava a responsabilidade a oposição.
Entretanto, o antigo chefe da guarda presidencial afirmava que o capitão Camará tentara acusá-lo da violência e das atrocidades do passado dia 28 de Setembro, tendo por essa razão, atingido a tiro Camará, pondo-se, em seguida, em fuga, com um grupo de soldados.
Durante a instabilidade política que se seguiu, os mediadores internacionais apelaram para uma força estrangeira para a protecção do povo guineense, tal como afirmou Tierno Madjou Sow, presidente da organização dos direitos humanos na Guine: " O povo da Guiné Conackry não pode esperar protecção duma força que lhe é hostil, que fere e que mata pessoas, confiscando-lhes as suas propriedades". "Normalmente – disse - as forças armadas existem para proteger as pessoas e não para servir os seus próprios interesses pessoais e políticos".
Entretanto, enquanto o capitão Camará se encontra em recuperação num hospital de Marrocos, o ministro de Defesa da Guiné o general Sekouba Konate, assumiu a responsabilidade das forças armadas guineenses, apelando à disciplina militar, afirmando que os soldados devem assegurar a protecção do povo.
Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner, disse perante a Câmara dos Deputados, em Paris, esta semana, esperar que o capitão Camará não irá regressar à Guiné, o que - disse o ministro francês - poderia provocar uma guerra civil.