A crise política agrava-se em Madagáscar, depois do governo de transição liderado por Andry Rajoelina se ter afastado das negociações sobre a partilha do poder, tendo nomeado um antigo oficial do exército para o cargo de primeiro-ministro.
Os grupos da oposição rejeitaram aquela iniciativa, tendo anunciado que tencionam nomear o seu próprio governo de transição como parte do acordo obtido há vários meses.
Andry Rajoelina anunciou, por decreto, no domingo, ter nomeado o coronel na reserva Albert Camille Vital para o cargo de primeiro-ministro.
Na sexta-feira, Rajoelina demitiu o primeiro-ministro Eugene Mangalaza que tinha sido nomeado há dois meses como parte de um acordo de partilha do poder celebrado entre três grupos da oposição.
Rajoelina indicou, na oportunidade, que renegava o acordo e anunciou a realização de eleições parlamentares para Março do próximo ano. Caberá ao novo Parlamento escolher um novo primeiro-ministro e elaborar a nova Constituição.
Rajoelina não se referiu a eleições presidenciais. Ao abrigo da Constituição agora em vigor, o antigo presidente da câmara de Antanarivo, que tem 35 anos, é demasiado novo para assumir a presidência.
A União Africana, a ONU e a SADC têm vindo a mediar conversações destinadas a pôr fim à crise gerada quando Rajoelina, apoiado pelos militares, assumiu o poder em Março deste ano, depois do afastamento do então presidente Marc Ravalomanana.
Os grupos da oposição, liderados por Ravalomanana e dois antigos presidentes malgaxes, condenaram a nomeação do novo chefe do governo, considerando-a ilegal e assumida por um poder igualmente ilegal.
Vital, que é um antigo oficial superior do exército e que é proprietário de uma empresa de segurança liderando também a câmara de comércio local, disse num discurso ao país que o país se encontra numa situação delicada e assustadora, situação que requer a compreensão do povo.