Chineses e africanos reúnem-se no Domingo na estancia turística egípcia de Sharm el Sheikh para a conferência sobre o comércio e investimentos.
O assistente do ministro dos negócios estrangeiros da China, Zhai Jun disse que o tema da conferencia será uma nova estratégia da parceria entre Pequim e a África, que abarque sobretudo áreas para alem da segurança energética e das mudanças climáticas.
Falando em Pequim, isto nas vésperas da conferencia, Zhai disse que os conferencistas irão adoptar dois documentos delineando áreas de acordos possíveis e futuros planos de cooperação.
De acordo com aquele governante chinês, uma certa ênfase será igualmente dado ao desenvolvimento sustentável.
A conferência de Sharm el Scheik segue-se a uma iniciativa do género, o Fórum de Cooperação China África de há três anos atrás em Pequim.
Desde então, apesar de ambas as partes terem enfrentado alguns problemas de ajustamento das relações, o comércio acabou por superar as expectativas com volumes de negócios entre a China e a África a atingir só no ano passado a fasquia dos cem mil milhões de dólares.
A China continua por conseguinte sendo o maior investidor nas infra-estruturas no continente africano paralelamente a uma profícua parceria em termos de exploração dos potenciais energéticos africanos, indispensáveis a sua economia em franco e acelerado crescimento.
O vice ministro do comercio chinês, Chen Jian disse a propósito que Pequim tem procurado em contrapartida apoiar os países africanos a satisfazerem também, as suas necessidades energéticas locais.
Para este governante chinês um terço da assistência global de Pequim aos países africanos está virada para a satisfação das necessidades energéticas de África.
O massivo investimento chinês, não deixa entretanto de se redundar numa tendência já de há muito desenhada no horizonte, ou seja a importância que a China passou a assumir para os africanos, eclipsando em certa medida a outrora tradicional omnipresença dos europeus e americanos naquele continente.
Mas a velocidade de cruzeiro, diríamos nos alcançado pelas relações entre Pequim e a África conduziram entretanto a novas questões, uma delas a de se saber ate que ponto o continente africano estaria de novo exposto a uma nova forma de exploração.
Tom Carghill do Royall Institute para os Assuntos Internacionais, uma organização de pesquisa, independente com sede em Londres e da opinião que em muitos casos essa asserção não corresponde a realidade.
"Acima de tudo, tem sido uma parceria largamente equilibrada. Os governos africanos que negociaram fortes e robustos acordos com a China, incluindo Angola saíram-se bem nos negócios. Mas a China também acabou por ter acesso a mercados e as matérias-primas de que necessitava," disse.
Mas existem entretanto efeitos colaterais nessa parceria China - África. As pequenas industrias africanas, à semelhança das similares pelo mundo fora queixam-se por exemplo do facto do influxo de produtos baratos chineses nos mercados locais, colocarem em risco a sua sobrevivência .
E mais, existe igualmente uma sensibilidade cultual aqui em causa. Por exemplo no Egipto os clérigos muçulmanos criticaram a China, quando este pais decidiu conceber um kit para "a falsificação da virgindade" um produto por sinal comercializado naquele pais do norte de África.
Mas o maior problema parece residir na transparência. O governo chinês congratula-se a si mesmo pelo facto dos investimentos chineses no continente não estarem condicionados. Este aspecto permite aos africanos um maior controlo sobre os projectos, mas a ausência de requisitos relacionados a boa governação acaba por deixar entreaberta a porta para a corrupção.
Tom Carghill do Royal Institute para os Assuntos Internacionais, de Londres diz por exemplo que neste particular os chineses fecham os olhos a determinadas práticas que outros decerto não ignorariam.
Para este analista cabe aos chineses e os governos africanos garantirem regras e normas a funcionalidade dessa parceria.
Eu também penso que temos que ser realistas. A China continua sendo um pais do terceiro mundo, em vários aspectos e as suas companhias e funcionários, provêem precisamente desse ambiente, dessa experiencia pelo que seria estranho, se aplicassem os mais altos padrões nos países africanos, nessa de fazer negócios e regressar a China", disse
Este analista do Royall Institute para os Assuntos Internacionais vai mais alem e adianta que desde a ultimo fórum de Pequim, ambos os lados tornaram-se por conseguinte mais realistas acerca do modelo a adoptar na parceria conjunta futura.